Final de setembro de 2023, o destino escolhido foi Alter do Chão, no estado do Pará. Ficamos 06 dias inteiros para fazer todos os passeios possíveis.
Conhecida como o Caribe Amazônico, devido a cor das suas águas com tonalidade que variam do azul ao verde, águas mornas, praias de areia branca, temperatura de 32º e sensação de 40º.
Morro da Piraoca na Ilha do Amor
ALTER do CHÃO de telas ao entardecer.
Palmeira Curuá é usada para coberto de casas, como essa na foto abaixo
Rio Tapajós, que dá impressão da imensidão do mar, revela praias desertas.
No tronco de uma árvore que caiu e brotou galhos novos. Mesmo caída continua enraizada na terra, por isso o desenvolvimento de novos galhos, buscando a luz no sentido vertical.
O Carimbó na Quinta do Mestre acontece no final da orla, próximo a Toca do Tatu, todas as quintas-feiras. Tem um palco montado na rua e todos se reúnem para dançar e se divertir.
E foram tantos peixes de água doce que provamos:
Escolhemos ir na estação seca, sem chuvas e os rios com nível mais baixo, deixando à mostra praias de areia branca que ladeiam o Rio Tapajós e seus afluentes.
Alter do Chão é distrito de Santarém e passou a investir no turismo como principal motor da economia local.
Primeiro e único perrengue da viagem: após atraso de 1h 30min na decolagem do voo de Porto Alegre, devido ao mau tempo, perdemos as outras conexões, porém conseguimos remarcar os voos do Rio de Janeiro a Brasília e Brasília/Belém/Santarém. Enfim, a previsão era chegar às 16h 30min e acabamos chegando às 2h da manhã do dia seguinte.
Posso dizer que tivemos muita sorte, porque a atendente da Latam fez de tudo para encaixar no mesmo dia os voos, em outra companhia aérea, a Gol. Mesmo o sistema não aceitando a remarcação para duas pessoas, ela insistiu várias vezes até conseguir. Méritos para essa atendente que, com vontade em ajudar, não desistiu, caso contrário teríamos que embarcar no dia seguinte e ainda comprar novas passagens.
O transfer já estava contratado e chegamos em Alter do Chão por volta das 2h 45min da manhã. Valor do transfer compartilhado: R$50,00.
Primeiro dia - Ilha do Amor
A Ilha do Amor é o grande cartão postal de Alter do Chão. Uma pequena península em pleno Rio Tapajós. Fica em frente a vila e não precisa contratar guia para chegar.
Um dos lugares mais procurados pelos visitantes, com barraquinhas que oferecem petiscos, almoço, cerveja, caipirinha de cachaça de jambu. Dá para passar o dia numa boa, sem pressa, descansando e curtindo a beleza do lugar.
A dica na travessia e nos banhos na Ilha do Amor é ir arrastando o pé na água para não pisar em arraias, o ferrão delas é forte e pode estragar o passeio por um ou dois dias. Essa recomendação é para o período da estação seca.
Drink de cachaça de jambu |
Morro da Piraoca na Ilha do Amor
O pôr do sol de Alter do Chão é um espetáculo diário |
Na orla um barqueiro nos ofereceu passeios. Não tínhamos fechado com ninguém e com nenhuma agência. Então contratamos com Charles dois passeios para os dias seguintes.
Segundo dia - Praia Ponta de Pedras, Casa do Saulo, Trilha das Preguiças e Ponta do Cururu
Um passeio que iríamos fazer era o Canal do Jari, porém devido a seca extrema, águas rasas, dificultando o acesso ao canal, esse passeio foi cancelado.
Então o barqueiro Charles fez o passeio incluindo a Praia Ponta de Pedras, Casa do Saulo, Trilha das Preguiças e Ponta do Cururu.
O passeio durou o dia todo e o valor foi de R$150,00.
"Olha Já", posto de combustível flutuante |
Pelo Rio Tapajós fizemos uma parada na Praia Ponta de Pedras
Seguindo de barco, chegamos na Praia do Carapanari onde fica a Casa do Saulo, restaurante e pousada. Uma experiência rica de sabores sem perder a essência da culinária amazônica. Quem for a Alter não pode deixar de experimentar a energia boa e desfrutar do charme desse lugar. São vários ambientes bem decorados de forma rústica.
Chegando na Casa do Saulo |
Escolhemos o prato que leva o nome da casa: peixe pirarucu com molho de castanhas, banana da terra e camarão rosa. Uma delícia! O Saulo, além de chef de cozinha é ativista e procura mudar a realidade de muita gente da comunidade.
Peixe pirarucu com molho de castanhas, banana da terra e camarão rosa.
Trilha da Preguiça no Rio Amazonas
O passeio é feito na propriedade de Dona Rosangela, uma senhora de 73 anos que acompanha os visitantes pela Trilha da Preguiça explicando sobre a flora e fauna. Na casa dela os macaquinhos ficam a vontade. Ela vende artesanato e mel. Na trilha encontramos bicho preguiça, Urutau e outros pássaros, além de uma enorme figueira. A trilha custa R$ 30,00.
Urutau |
Figueira |
Bicho Preguiça |
Marimbondos, importantes para polinização de plantas nativas |
Bico encarnado |
Castanha Daia fazendo novas amizades |
Casas dos ribeirinhos |
Terminamos o passeio na Ponta do Cururu para ver o pôr do sol. A longa e fina ponta de areia que se forma na margem do Rio Tapajós, oferece um dos maiores espetáculos no fim da tarde.
Terceiro dia - Praia de Pindobal
No terceiro dia, marcamos o passeio da FLONA. Embarcamos com mais 04 pessoas e no percurso deu pane no motor. Calmamente o barqueiro Charles conseguiu conduzir o barco até a praia para tentar consertar. Ficamos aguardando, enquanto ele entrou mata adentro e voltou com ferramentas. Minutos depois chegou uma pessoa para ajudar, provavelmente a mesma que emprestou as ferramentas. Aguardamos mais um tempo e devido o passar das horas, pois não conseguiríamos chegar a tempo para fazer a trilha na FLONA com calma, sugerimos ao Charles para cancelar o passeio. Ele agradeceu a compreensão e marcamos a FLONA para o dia seguinte. Então chamou o irmão Kika, que veio com outro barco para rebocar o dele e de presente ganhamos do Charles o restante da manhã e toda tarde na praia de Pindobal. Final da tarde Kika e Charles retornaram em Pindobal para nos levar de volta a Alter.
Aproveitando a beleza dessa praia deserta enquanto aguardávamos o conserto do barco |
Registro desse dia com os novos amigos: Marina, Cássio, Yuri e Matheus. |
Pindobal fica a 9km de Alter na cidade de Belterra. É uma das praias preferidas pelos turistas. Tem ótimos restaurantes e várias barraquinhas de palha.
Um rio que parece mar |
Retornamos para Alter com tempo para apreciar esse cenário
Aqui o sol, soberano, brilha diferente. O fim de tarde chega com intensidade, trazendo paz, beleza.
Quarto dia - Flona
Como o barco de Charles não ficou pronto, ele reservou uma embarcação com outro barqueiro chamado Sandro ou Sander, não recordo bem o nome.
Estávamos em 08 pessoas.
A FLONA, Floresta Nacional de Tapajós, fica em Belterra. Fizemos a trilha do Piquiá na comunidade Jamaraquá, percurso de 9km. Entramos primeiro na mata secundária, menos fechada de vegetação e algum tempo depois na mata primária, com temperatura mais agradável e vegetação fechada.
Um dos lugares mais mágicos. Quem visita Alter do Chão não pode deixar de conhecer uma floresta de ambiente amazônico que vai muito além da caminhada e da observação, tem o conhecimento dos povos da floresta, porque os guias são nativos e preparados para guiar visitantes na floresta. Se souber aproveitar o conhecimento dos guias, sairá de lá sabendo sobre as plantas e o uso de cada uma delas.
No percurso árvores: Sumaúma, a mãe de todas, Cumarú, Pequiá, Seringueira Formigas repelentes Tapiba e a gigante Torandira; flores e maracujá selvagem.
Pequiá, árvore que deu o nome a trilha |
Maracujá selvagem |
Seringueira: demonstração da extração do látex
A imponente Sumaúma, a mãe de todas |
Ninho da formiga Tapiba, usada como repelente
- Semente Cumaru, a baunilha amazônia, serve para gripe
- Louro rosa para incenso
Mirante para a FLONA
Não há nada mais vivo e falante que uma floresta vazia de gente.
Quem quiser um contato mais próximo com a floresta pode pernoitar. O acampamento fica dentro da mata primária, próximo do mirante e do igarapé.
A parte mais desejada, devido o calor, foi o banho no igarapé, dentro da mata primária. As águas límpidas e frias do igarapé, de pouca profundidade e com fundo de areia é um pedaço do paraíso, pela beleza natural e sem interferência humana.
A mata cura e restaura os seres. Há nela sempre mais que os olhos possam ver.
No retorno um bom almoço com peixes fresquinhos na base da comunidade Jamaraquá.
Na volta parada na praia de Cajutuba, ainda em Belterra, para assistir a esse pôr do sol.
O valor do passeio R$ 180,00
Quinto dia - Rio Arapiuns - Comunidade Coroca
Esse passeio também foi o Charles que contratou para nós, já que o barco dele ainda estava no conserto. Fomos com um barco maior e mais pessoas. Saímos do Rio Tapajós para o afluente Rio Arapiuns, e o encontro dos dois rios e um pouco de vento provocaram movimentos nas águas e muito sacolejo, que faz lembrar o balanço do mar. Tudo muito tranquilo para quem está no comando do barco uma pessoa com experiência e conhecimento dos rios amazônicos, o barqueiro Edinaldo.
As águas e as praias do Rio Arapiuns são tão bonitas quanto as praias do Rio Tapajós e garanto que vale cada minuto e cada sacolejo do barco.
São diversas as praias às margens do Rio Arapiuns e geralmente a decisão de qual conhecer fica a cargo do barqueiro que são profundos conhecedores da região.
Praia Ponta do Toronó
Chegamos na comunidade ribeirinha Coroca, lugar que me surpreendeu.
Uma experiência muito valiosa pelas pessoas e projetos ambientais desenvolvidos: criação de tartarugas, meliponário de abelhas Jandaíra (uma espécie sem ferrão) e artesanato com a palha do tucumãzeiro, o Trançado de Arapiuns. A comunidade produz manualmente seu próprio artesanato usando a palha do tucumãzeiro, sementes e raízes para coloração e decoração.
O almoço é à base de peixe, sucos naturais e sobremesa feita com frutas da região.
A comunidade oferece pousada para quem quer passar uns dias no maior sossego.
É a maior espécie ameaçada ao tráfico devido seus ovos e sua carne. Diversas operações de mineração em grande escala também colocam os animais em risco, prejudicando de modo geral seu habitat e sua sobrevivência, por conta da poluição. Sendo assim, a Comunidade de Coroca, localizada no Rio Arapiuns, em Santarém PA, faz a preservação da espécie na região.
Meliponário |
Artesanato feito com a palha do tucumãzeiro |
Terminamos o passeio na Ponta do Cururu para apreciar o pôr do sol e relembrar tudo que foi vivido naquele dia.
Edinaldo ofereceu frutas: abacaxi, banana e mexerica.
Valor do passeio R$ 180,00
Sim, a vida é bela!
Momentos para ficar na mente e no coração para o resto da vida.
Sexto dia - Igarapés e Ilha do Amor
Nesse dia não tínhamos ideia para onde ir, porque já tínhamos conhecido tudo. Faltava só a Floresta Encantada e o Lago Verde, porém estavam fechados devido a seca. Saímos da pousada e fomos até a orla. O barqueiro Edinaldo nos abordou e começou oferecer passeios que já tínhamos feito e sugeriu então um passeio que durava em torno de 4h. Chamou o barqueiro Iderley e mandou ele nos levar para os igarapés próximos a Alter do Chão. Aceitamos a sugestão e seguimos.
Os igarapés são pequenos cursos de água, com pouca profundidade, chão de areia e correm no interior da mata.
Caminho que leva para os igarapés
Trilha para o igarapé |
Um igarapé com menos vegetação e águas menos fria, se comparar com o igarapé da FLONA.
Um lugar para esquecer do tempo |
Saímos desse igarapé (sem nome) e pegamos o barco em direção ao Igarapé do Macaco.
Igarapé do Macaco foi atingido por um incêndio criminoso a 04 anos. Alguns macacos morreram no incêndio e outros fugiram. No momento não há mais a presença desses animais. Nota-se que a vegetação tenta se recuperar. Mesmo assim o igarapé revela uma beleza peculiar.
Aceitamos a sugestão do barqueiro e passamos argila no corpo com ajuda dele. Alguns minutos no sol e depois banho no igarapé para tirar. Hidrata e deixa a pele muito macia devido os minerais contidos na argila.
Valor do passeio: R$ 100,00
Em todos os passeios os barqueiros oferecem água e quando é longa a distância, água e frutas.
Mais peculiaridades de Alter do Chão
O gigante do ritmo amazônico, o CARIMBÓ, evidência a arte regional.
Todos se divertem, num momento de leveza, brincadeira e valorização da cultura popular.
Cada noite apresentam o Carimbó em lugares diferentes, sempre acompanhado do tacacá e outros pratos regionais.
O colorido das roupas, o rodar das saias e a ornamentação, são destaques da festa e se harmonizam com o calor tropical, o ritmo e a alegria contagiante de todos.
As fotos revelam Alter do Chão como um lugar calmo: coreto na praça, igrejinha, barraquinhas com comidas típicas, vista para a Ilha do Amor, representação dos botos Rosa e Tucuxi, rua enfeitada, orla, barcos...
Orla de Alter |
Cuieira |
Barraquinhas abrem a noite para vender pratos típicos, sucos e sorvetes de frutas regionais. |
Boto Tucuxi e Boto Rosa |
Muita cerveja e drinques refrescantes para enfrentar o calor do Pará |
Tacacá |
E foram tantos peixes de água doce que provamos:
- Filhote;
- Tambaqui;
- Pirarucu;
- Tucunaré;
- Surubim.
Qual o valor da simplicidade?
Alter do Chão é destino para desapegar do luxo e se apegar a natureza.
A cidade revela um ritmo lento e você não precisa lutar contra ele.
O lugar ensina que a simplicidade é apreciar as pequenas coisas da vida.
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