08 de maio 2023 iniciei uma viagem inesquecível, em uma região com paisagens diferentes, pouco procurada ou conhecida por viajantes brasileiros: o Norte da Argentina, nas províncias de Tucumán, Salta e Jujuy.
Muitos são os motivos para conhecer essa região, um destino de paisagens de tirar o fôlego, gastronomia de primeira, vinhos premiados e uma das rotas mais bonitas do mundo, com montanhas coloridas e de paisagens meio verdes, meio áridas.
Tucumán
Tucumán é uma pequena província no norte da Argentina, dividida entre a parte oeste da Cordilheira dos Andes e a parte leste da baixada de Gran Chaco. A capital é São Miguel de Tucumán, 5º maior centro urbano da Argentina.
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| Restaurante Positano |
- Casa do Governador
Museu Casa da Independência: local da Declaração da Independência da Argentina em relação a Espanha.
Foi daqui dessa casa que a independência da Argentina em relação a Espanha foi declarada em 09 de julho de 1816.
Vale lembrar que a data 09 de julho virou nome de avenidas, ruas, casas... em homenagem a independência da Argentina.
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| Sala de La Jura, o único lugar original da Casa |
Catedral de Nuestra Señora de la Encarnación, também chamada de Catedral de São Miguel de Tucumán
Teatro Mercedes Sosa - consagrada cantora, natural de São Miguel de Tucumán. Mercedes Sosa representa a voz da América Latina.
Ainda na província de Tucumán, no caminho para Tafí del Valle:
- Monumento ao Índio El Chasqui na Pré Cordilheira dos Andes. Chasqui significa mensageiro, transportador.
- Reserva Natural de la defensa El Mollar - Quebrada Del Portugués
Essa área de reserva há recursos paleontológicos, arqueológicos, históricos e culturais.
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Reserva El Mollar |
Tafí del Valle é uma pequena cidade no coração do Vale Calchaquí, aos pés das montanhas a leste da Cordilheira dos Andes. A vida social gira em torno de duas ruas principais, com restaurantes e lojinhas com fachadas coloridas.
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| Tafí del Valle |
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| Tafi del Valle |
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| Mirador El Infiernillo, natureza intocável a 3.042m de altitude |
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| Filhote de lhama |
Museu Pachamama (Mãe Terra) no Amaicha del Valle, povoado do Valle Cachaquí.
Reúne diversas obras criadas pelo artista plástico Héctor Cruz, em homenagem a mãe terra.
Deuses e feiticeiros são representados em imponentes esculturas revestidas de pedras e grandes portais esculturais.
Pisos e paredes transformam o museu em um autêntico tapete de pedras com diversas simbologias.
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No Valle Calchequíes o Sítio Arqueológico Ruínas de Quilmes.
Aos pés da montanha, num vale árido, com muitos cardones, a visita à Cidade Sagrada dos Quilmes é uma aula de história. Conhecer um pouco mais sobre a civilização que construiu ali suas fortaleza, por volta do ano 800, e seus costumes, que incluem o ritual da PachaMama, um tributo à Mãe Terra, é uma experiência imperdível e gratificante.
Muitos acham que Quilmes é só a marca de uma cerveja da Argentina, mas a origem do nome veio dos índios Quilmes que viviam nos vales de Tucumán no norte da Argentina.
Com um sistema de irrigação diferenciado, conseguiram ter água por todo o ano e assim cultivavam alimentos e criavam animais. Possuíam conhecimento avançado de metalurgia e cerâmica.
A cidade sagrada dos Quilmes foi palco de muitas batalhas, onde eles lutaram contra diversos povos, inclusive os Incas que tentaram dominar o território.
A civilização foi a última a resistir, só caiu em 1665 após muitos Quilmes exterminados, em 130 anos de invasões espanholas. Os sobreviventes foram obrigados a fazer uma jornada de mais de 1.500km a pé até o sul da atual Buenos Aires. Muitos morreram no caminho.
Centenas de anos depois, após um trabalho de identificação dos descendentes dos Quilmes em toda a Argentina, esses foram levados para viver na terra que pertenceu a seus antepassados.
É considerado o maior assentamento humano pré-hispânico da Argentina. Até hoje conservam-se crenças religiosas, rituais, festas, arte, música e técnicas agrícolas que são um patrimônio vivo.
É "A CIDADE SAGRADA DOS QUILMES", um dos locais arqueológicos mais importante da Argentina.
Cafayate - Salta
Na província de Salta o município Cafayate, que apesar de pequeno, tem seu charme. A arquitetura colonial está presente nos prédios antigos que cercam a praça principal.
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| Restaurantes ao redor da praça principal |
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| Catedral Nuestra Señora del Rosario, construída em 1885, uma das poucas da América do Sul que preserva suas cinco naves originais. Na praça, a originalidade na coleta de tampinhas para reciclagem. |
Cafayate com toda certeza é uma das mais famosas de Salta
e faz parte da Ruta 40.
Numa viagem nunca pode faltar um brinde.
Com mais de 30 vinícolas, Cafayate é a segunda região produtora de vinhos argentinos, só perde para Mendonça.
A altitude, o solo, o clima seco, as noites frias, resultam em vinhos bem estruturados e intensos.
A região ganhou fama pela Rota do Vinho mais alta do mundo. Seus vinhedos estão a mais de 1.5 mil metros acima do nível do mar.
As castas são Cabernet Sauvignon, Shiraz, Malbec e Tannat, mas a principal é a Torrontés, que produz vinhos brancos aromáticos e refrescantes.
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| Bodega El Porvenir |
Salta pode ser a capital da província, mas Cafayate é o destaque nesse mundo do vinho.
Salta, capital de Salta
O slogan da província: Salta, tan linda que enamora!
A história de Salta remonta os tempos pré-colombianos. Sua história está nos museus, igrejas, Cabildo e manifestações folclóricas.
Salta está situada aos pés da Cordilheira dos Andes e recentemente foi selecionada pela revista Time, entre os 50 destinos, um dos "Melhores Lugares do Mundo em 2022".
- Catedral Basílica
- Iglesia de São Francisco
- Cabildo
O Cabildo de Salta abriga Museo Histórico del Norte. Nas salas do museu há peças das antigas civilizações até o século XIX e início do século XX. Peças do uso cotidiano, que revelam a forma de viver e pensar das civilizações desse período.
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| Vista do Cabildo para a Praça 09 de Julio (praça em reforma) |
- Museu de Arqueologia de Alta Montanha: apresenta coleções arqueológicas como a descoberta em 1999, nos altos picos dos Andes, no topo do vulcão Llullaillaco: múmias de 03 crianças usadas em uma cerimônia Inca a seus deuses, a mais de 500 anos. Conhecidas como "Los niños de Llullaillaco". Não permitem tirar fotos.
As crianças foram sacrificadas como parte de um ritual religioso, conhecido como capacocha. Deram chicha para tomar (bebida feita de milho), e, uma vez adormecidas, colocadas em nichos subterrâneos, onde congelaram até a morte. Apenas crianças bonitas, saudáveis, e fisicamente perfeitas eram sacrificadas, sendo considerado uma honra ser escolhida. De acordo com as crenças incas, as crianças não morriam, mas se juntavam a seus antepassados e vigiavam suas aldeias a partir das montanhas como anjos. Fonte: https://arqueologiaeprehistoria.com/2013/06/14/conheca-as-mumias-de-salta/
Museu de Arqueologia de Alta Montanha
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Uma das
múmias "A Donzela" está com as mãos no
ventre e olhando para a barriga. Representa, no sacrifício dos Incas, fertilidade das mulheres e perpetuação da tribo. |
A "Menina do Relâmpago" está olhando para o céu. Essa posição no sacrifício do ritual Inca, significava pedidos de clima e tempo bom e
que nenhuma catástrofe climática atingissem seu povo.
O nome, Menina do Relâmpado, é porque um raio atingiu uma parte do seu corpo. Metade do rosto e vestes estão queimados e com afundamento da face, muito parecido com consequências que um raio pode provocar no corpo humano.
O menino de Llullaillaco sentado, olhando para o chão e com as mãos tocando o solo, significava no ritual fartura na colheita e alimento por longos anos.
Nas tumbas os niños estavam enrolados com seus mantos, que contam a história de vida de cada criança, através dos pontos, nós, cores e desenhos. Também junto aos corpos estavam seus brinquedos e utensílios.
As montanhas ao redor de Salta abrigam pelo menos outros 40 locais de sepultamento de rituais de sacrifícios
Centro Cultural América
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| Serviu de Casa do Governo até 1987 Hoje o objetivo desse Centro é oferecer ao público um espaço de encontro, lazer e cultura, com valor artístico, cultural ou patrimonial. |
Convento São Bernardo
Teleférico São Bernardo e a vista da cidade Salta
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| Salta |
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| Monumento ao General Gûemes |
As Peñas Folclóricas estão para o Norte da Argentina como o tango está para Buenos Aires.
A vida noturna em Salta é divertida ao ritmo das Peñas. Muita música, danças, cacharera, zamba romântica. Nas Peñas o público dança e canta com fervor.
Ao som de chacarenas e zambas, os ritmos mais comuns, jantar em uma das inúmeras peñas da cidade como na La Vieja Estación (o mais indicado) é um dos pontos altos da viagem em Salta.
Jujuy
Salinas Grandes é o resultado do acúmulo de sais minerais que descem da Cordilheira dos Andes. As aberturas geométricas são feitas para extrair o sal e logo se enchem de água. Com o tempo o sal se acumula novamente e a água evapora.
O deserto de sal ao norte da Argentina é semelhante ao Salar de Uyuni na Bolívia, porém menor.
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| Pulo sincronizado |
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| Há uma grande discussão com os moradores do lugar perante a ameaça da exploração do lítio (ouro branco). A exploração das empresas pode acabar com o turismo das Salinas e aumentar os conflitos sociais e ambientais com as comunidades locais. |
Quebrada de Humahuaca, no percurso o "Cerro de Siete Colores" e outras montanhas coloridas são Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO. Os minerais acumulados nas diferentes camadas dão as tonalidades. Segundo estudos geológicos, todas essas montanhas foram formadas pela movimentação das placas tectônicas.
No roteiro da Quebrada de Humahuaca há vilarejos, cenários, montanhas coloridas e cidades.
Purmamarca é um vilarejo da província de Jujuy que agrada a qualquer pessoa. Tem uma energia especial em suas ruas sem calçamento, no colorido dos artesanatos, nas casas de adobe, no povo acolhedor e aos pés do Cerro de Los Siete Colores a paisagem se completa, o lugar fica mais fascinante. As várias camadas e mudanças de tonalidades das montanhas significam períodos geológicos diferentes. Purmamarca é daqueles vilarejos que dá gosto andar pelas ruas, sem rumo certo.
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| Purmamarca |
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| Aos pés das montanhas o Cemitério Nuestra Señora del Carmen |
Uquia é um lugar bem pequeno com poucas ruas. Uma igreja histórica de 1691 e ponto turístico a Quebrada de Las Senhoritas, pouco conhecida pelos turistas.
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| Casas Incas |
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| Essa é a parte fake feita por arqueólogos e especialistas que trabalharam na restauração do lugar. A presença do falso histórico, uma espécie de monumento em homenagem aos arqueólogos em formato de pirâmide, no principal espaço do Pucará. Um estilo de construção que não corresponde ao povo que viveu alí. |
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| Casa do Governador de Jujuy |
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| A primeira bandeira foi feita pelos combatentes argentinos contra os europeus. A original está guardada em outro salão, longe da luz e com controle de temperatura. Não foi permitido tirar foto da bandeira original. No topo da bandeira está o Sol de Maio, famoso símbolo que também está presente na Bandeira da Argentina. O sol simboliza a ascensão da Argentina. Na elipse central estão duas mãos unidas, que simbolizam a união das várias províncias da Argentina. As mãos seguram uma lança, que simboliza a defesa da liberdade e o gorro vermelho era usado por pessoa livres, significa também a liberdade. Em torno do elipse estão os louros que simboliza vitória. |
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| Casa do Governo e Catedral ficam em frente a Plaza Belgrano |
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| Catedral de San Salvador de Jujuy |
A cada metro, a cada passo uma informação diferente.
Desejei muito fazer essa viagem, mas confesso que não esperava ver tanta beleza, cenários cinematográficos, além de sentir tanto a relação entre minha energia interior e a energia dos lugares da América do Sul.
Foi uma viagem intensa, com inúmeros lugares e pontos de visitação. Posso dizer sem exageros que a cada metro percorrido no norte da Argentina, tínhamos uma informação, uma curiosidade, uma história, uma característica e claro, paisagens naturais típicas de cenário de filme.
A última noite na Argentina com Simone e Verônica, e planos para um próximo destino.
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Foram tantos momentos singulares, tantas vivências inesperadas, tanta intensidade de emoções e sensações que terminei a viagem já com meu coração apertado de saudades e ao mesmo tempo preenchido de gratidão.
Somos merecedores
Merecemos tudo o que é bom
Não uma parte
Não um pouquinho
Mas tudo que é abundante, tudo o que é bom
E quanto mais eu sinto prazer, maior a sensação de merecimento; quanto mais eu me sinto merecedora, maior a sensação de abundância.
Outros destinos incríveis dessa viagem:
- Ruta 68
https://www.blogger.com/blog/page/edit/1780016566829247009/5594625256028191967
-Tren de Las Nubes
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- Cordilheira dos Andes
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