Casa Pueblo - Uruguai

Casa Pueblo, um ícone uruguaio, uma atração em Punta Ballena.

Construída e moldada a mão por mais de 03 décadas, pelo genial artista uruguaio Carlos Páez Vilaró, é uma escultura habitável, com hotel com mais de 70 quartos, museu, galeria, restaurante e cafeteria. 

O lugar ainda conta com uma das vistas mais bonitas que já vi no Uruguai, um refúgio mágico que se mistura perfeitamente a paisagem. Moldada no rochedo a beira do rio da Prata, lembra a arquitetura das ilhas gregas, mas o artista preferia comparar ao ninho do João de Barro para definir essa construção em forma de labirinto.

O nome, Casa Pueblo, foi escolhido por Vilaró, que significa Casa do Povo, por ser mais que uma casa, um lugar onde diferentes pessoas e culturas se encontram criando um ambiente de convivência e inspiração.

Foi amigo de muitos artistas brasileiros e inspirou Vinícius de Moraes a compor "A Casa": Era uma casa muito engraçada, não tinha teto, não tinha nada....

Se vier ao Uruguai e não visitar a Casa Pueblo, a sua viagem não será a mesma.

A exuberante obra arquitetônica que virou símbolo turístico de um país.

Sem perceber, Casa Pueblo se transforma em mapa do Brasil

A entrada começa pela Terraza del Sol

E termina na Terraza de la Luna

Em vários pontos dá a impressão de sentir a casa moldada pelas mãos do homem, que dá forma em perfeita harmonia com a natureza ao redor.

Uma casa artisticamente muito rica

E para deixar tudo mais especial, descobri que Vilaró era apaixonado por gatos, inspiração muito presente em suas obras.

Fabiano, um amigo na viagem e um gateiro também.

A paixão pelo sol é evidente em suas obras. 
"O sol é meu amigo mais antigo", ressaltava o artista.

Vilaró gostava muito de conhecer outras culturas e se inspirar no popular. Aparecia em várias festas tocando tambor de candombe. Candombe é uma dança de ritmo afro, tradicional no Uruguai. Era fascinado e imerso nas tradições da comunidade negra no próprio país. Vilaró viajou por diversos destinos no continente africano e outros de forte influência negra, como a Bahia. 

As obras de Carlos Vilaró são fortemente influenciadas pela sua experiência pessoal e pelas suas viagens pelo mundo. Era um artista multi-talento, que abrangia pintura, escultura, arquitetura e escrita, com uma forte ligação com a cultura uruguaia e africana. 

A casa possui muitas varandas,  escadarias e salas com muitas obras de Vilaró, algumas à venda.

O sol e a liberdade

Vilaró não é arquiteto, mas construiu a casa inspirado no homem do campo e no pássaro João de Barro, numa resistência às linhas retas tradicionais. 

E ficou tão linda que agente não cansa de admirar.

Na Bahia, em busca de mais inspiração, conhecimento e vivências, Vilaró fez amizade com Jorge Amado a quem dedicou posteriormente um espaço especial na Casapueblo. 

Inspiração em arte, influenciado pelo amigo Jorge Amado e pela Bahia

Não consegui informação sobre essa obra de Vilaró, porém lembra muito um orixá da religião afro-brasileira.

O hotel com mais de 70 quartos

Carlos Paez Vilaró, ficou conhecido por ser o pai de Carlitos Páez, um dos sobreviventes do acidente aéreo na Cordilheira dos Andes de 1972. A tragédia deixou 15 sobreviventes e 29 mortos. Os sobreviventes passaram 72 dias isolados nas montanhas congelantes dos Andes.

Vilaró sempre acreditou que seu filho estava vivo e foi até o Chile exigir do governo a continuação pelas buscas, que já tinham encerradas. Foram encontrados na véspera do Natal porque dois dos integrantes deixaram o grupo e foram caminhando pela Cordilheira dos Andes até encontrar ajuda para os demais.

Só sobreviveram porque se alimentaram dos corpos daqueles que haviam morrido. 

A história virou livro e filme.

A Casa Pueblo é sim um espetáculo, um local que encanta pela sua arquitetura singular, pela história do artista Carlos Páez Vilaró e, principalmente, pela experiência em assistir o pôr do sol sobre o Rio da Prata. Atração imperdível em Punta Ballena. 

Não foi possível ficar até o  fim da tarde, para ouvir a poesia de Carlos Páez Vilaró de fundo, quando o sol de põe, deixando a paisagem mais encantadora. Mesmo assim, após pesquisa, deixo a sua poesia nessa página 

 para todos aqueles que também se sentem "milionários em sóis": 

Chau Sol…! Te quiero mucho…

Cuando era niño quería alcanzarte con mi barrilete. Ahora que soy viejo, sólo me resigno a saludarte mientras la tarde bosteza por tu boca de mimbre.

Chau Sol…! Gracias por provocarnos una lágrima, al pensar que iluminaste también la vida de nuestros abuelos, de nuestros padres y la de todos los seres queridos que ya no están junto a nosotros, pero que te siguen disfrutando desde otra altura.

Adiós Sol…! Mañana te espero otra vez. Casapueblo es tu casa, por eso todos la llaman la casa del sol. El sol de mi vida de artista. El sol de mi soledad. Es que me siento millonario en soles, que guardo en la alcancía del horizonte.