Desligue, desapegue do lugar comum, da rotina que você vive. Vai de bem com a vida, fique leve, solte o corpo e deixe a mente aberta para receber toda a diversidade cultural da Bahia que sobrevive por muitas gerações.
Regada com muito axé, a Roma Negra, tem muito a oferecer. É fonte de inspiração para a arte e os talentos que nasceram nessa terra: cantores, compositores, pintores, intelectuais, escultores, músicos, atores, artesãos, dançarinos, escritores, percussionistas, fotógrafos... e os visitantes sentem na pele, na cabeça, no cabelo, nos quadris e pés toda a energia e vibração dos soteropolitanos.
Posso garantir que para conseguir explorar quase tudo que a capital oferece, precisará de 06 a 07 dias.
Ficamos 04 dias (outros 04 em Morro de São Paulo, acesse:https://rosmarischelle.blogspot.com/p/morro-de-sao-paulo-ba.html) e faltou tempo para ver outras atrações. Visitamos o que foi programado, mas muitas vezes com o tempo apertado.
Dia 04 fevereiro 2020 eu e minha amiga Ivone, embarcamos nessa aventura. Ela nem poderia imaginar tudo que veria e provaria em Salvador.
Em Guarulhos, escala com espera de 3h. Um garçom super camarada nos ajudou com água quente para o chimarrão, e esse tempo foi melhor que esperávamos.
Pausa para chimarrão, no aeroporto de Guarulhos.
Aterrissamos na São Salvador da Baía de Todos os Santos, primeiro nome da capital baiana.
No aeroporto, uma música vinha de uma lojinha de souvenir, não tive dúvidas, estava pisando em terra Baiana.
♫♫Ah, que bom você chegou
Bem-vindo a Salvador
Coração do Brasil
Vem, você vai conhecer
A cidade de luz e prazer
Correndo atrás do trio
Vai compreender que a baiano é:
Um povo a mais de mil
Ele tem Deus no seu coração
E o Diabo no quadril♫♫
Então vamos a Conquista de Salvador... como diz Gilberto Gil, ♫♫Andar com fé eu vou que a fé não costuma "faiá"♫♫
Vou contar em detalhes (é muito conteúdo e fotos) como vi e senti a capital baiana e toda sua representatividade.
Vou contar em detalhes (é muito conteúdo e fotos) como vi e senti a capital baiana e toda sua representatividade.
Em Salvador, ficamos em uma pousada com vista para a Baia de Todos os Santos.
Nosso café foi acompanhado com uma visão incrível.
Da pousada para o Cais do Porto e cidade baixa, inspiração do livro de Jorge Amado, Mar Morto. |
Vista para a Baía de Todos os Santos e Forte São Marcelo |
Vista da pousada para o Forte São Marcelo (fechado para visitação) |
Vista da Basílica Nosso Senhor do Bonfim |
Ficamos hospedadas no Bairro Santo Antonio Além do Carmo, um dos bairros mais antigos de Salvador, bairro onde nasceu a Santa Dulce dos Pobres.
Hoje é um bairro de classe média, bairro residencial, com diversas pousadas, padarias, restaurantes e bares. Fica ao lado do Pelourinho, mas com personalidade própria. Muitos casarões pertencem a artistas e europeus.
Vou seguir a ordem dos dias, os lugares e atrativos que visitamos, assim poderei ajudar quem vai pela primeira vez a Salvador.
1º dia em Salvador foi assim:
- Bairro Stº Antônio Além do Carmo: Igreja e Forte Stº Antônio Além do Carmo, Igreja e Convento Nossa Senhora do Carmo, Igreja Santíssimo Sacramento (serviu de cenário para o filme O Pagador de Promessas).
- Pelourinho: Museu da Gastronomia, Filhos de Gandhy, Casa do Olodum, Largo Tereza Batista, Projeto Axé.
- Largo do Cruzeiro: Igreja e Convento São Francisco
- Terreiro de Jesus: Catedral Basília da Sé
- Praça da Sé: Memorial das Baianas do Acarajé, Praça da Cruz Caída. Por falta de tempo O Museu do Carnaval ficou para próxima viagem.
- Palácio do Rio Branco
- Elevador Lacerda, vista para Baia de Todos os Santos e Forte São Marcelo
- Mercado Modelo
- Basílica do Senhor do Bonfim
- Forte Mont Serrat, Ponta de Humaitá
- Casa do Rio Vermelho ou Casa de Jorge Amado
- Farol da Barra
- Pelourinho a noite: Orquestra Afro Sinfônica e Balé Folclórico da Bahia
Bairro Santo Antonio Além do Carmo, tranquilo e seguro. Serviu de cenário para cenas da novela O Segundo Sol
Monumento Cruz do Pascoal, próximo ao Plano Inclinado do Pilar, que liga a cidade alta da cidade baixa. |
Primeiras horas do dia, caminhamos pelas ruas do bairro Santo Antonio Além do Carmo
Igreja Santo Antônio Além do Carmo |
Plano Inclinado do Pilar. Um bondinho liga a cidade alta da cidade baixa. |
Igreja e Convento Nossa Senhora do Carmo |
Passagem secreta da Igreja para o Pelourinho |
Pelourinho de outro ângulo |
Igreja Santíssimo Sacramento na Rua do Passo, cenário do filme Pagador de Promessas, adaptação do livro de Dias Gomes. Filme premiado com a Palma de Ouro no Festival de Cannes, na França. |
A poucos metros do bairro Santo Antônio Além do Carmo, descendo a Ladeira do Carmo, chegamos ao Pelourinho.
A energia desse lugar é muito forte. As batidas dos tambores parecem ecoar no peito. Lugar mágico, com muito encanto e beleza.
Os eventos culturais no Pelourinho é uma aclamação, saudação pela experiência amarga que tiveram sua gente, sabedores que o racismo não morre voluntariamente. Suas músicas falam de liberdade e igualdade, uma espécie de insubordinação em movimento constante, já que na cidade o movimento negro se construiu na resistência dos terreiros, rodas de capoeira e blocos afros. Também músicas e apresentações artísticas de protesto, de indignação para um país tão desgovernado.
Pelourinho era o local onde prisioneiros e escravos eram expostos publicamente e castigados. Um lado obscuro da nossa história, esquecida e desbotada na memória das novas gerações. |
No Pelourinho, casarão azul onde funciona a Fundação Casa de Jorge Amado. Seus livros revivem a vida dos brasileiros, principalmente dos baianos. |
Os preços dos artesanatos são bons, mesmo valor dos vendidos no Mercado Modelo.
Visita ao Museu da Gastronomia Baiana, no Pelourinho.
Azeite de dendê, muito usado na culinária baiana. |
Visita a Associação Filhos de Gandhy, fundada em 18-02-1949, por estivadores portuários da cidade. Um dos blocos de carnaval mais tradicional e bonito de Salvador. |
Evandro, lembrei de você...
♫♫ Omolu, Ogum, Oxum, Oxumaré
Todo o pessoal
Manda descer pra ver
Filhos de Gandhi ♫♫ (Gilberto Gil)
Em todos os lugares de Salvador percebi o respeito e cuidado aos animais. Mais um ponto positivo aos soteropolitanos, mais um motivo para gostar desse povo. |
Largo Tereza Batista. Espaço popular de shows e eventos culturais. |
Projeto Axé – Centro de Defesa e Proteção à criança e ao adolescente. É uma organização não governamental sem fins lucrativos fundada em 1990.
Crianças dos Projeto Axé |
Igreja e Convento São Francisco, no Largo do Cruzeiro |
Erguidos entre os séculos XVII e XVIII, a Igreja e o Convento de São Francisco são classificados como uma das Sete Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo e tombados pelo IPHAN.
A quantidade de ouro, a riqueza de detalhes e o tamanho fazem com que seja considerado o principal representante do barroco da Bahia.
Largo do Cruzeiro |
Terreiro de Jesus: uma grande praça que abriga em torno de 04 igrejas, também acolhe a primeira faculdade de Medicina do Brasil - 1893 |
Baianas de Acarajé, tradicional símbolo cultural da Bahia |
Praça da Sé |
Zumbi dos Palmares |
Memorial das Baianas do Acarajé, espaço expositivo e de documentação. Fica ao lado da Cruz Caída, Praça da Sé, vale a visita. |
Praça da Cruz Caída, onde ficava a Igreja da Sé, demolida para a passagem do bonde (1933). Inaugurada em 1999, a Cruz Caída homenageia o desaparecimento desta antiga Igreja da Sé. |
Palácio do Rio Branco, antiga sede do governo da Bahia na Praça Thomé de Souza, onde se encontra a Prefeitura, a câmara municipal e o Elevador Lacerda. |
Invadido, bombardeado, incendiado, demolido e reconstruído, o Palácio Rio Branco serviu a diferentes propósitos e, hoje, é a sede da Secretaria da Cultura, abrigando, também, o Memorial dos Governadores. Uma construção repleta de história, com magnífica e estratégica vista para a Baía de Todos os Santos. (Fonte:www.salvadordabahia.com)
Entrada do Palácio Rio Branco. Devido as reformas, estava fechado a visitação. |
Câmara Municipal de Salvador (E), no centro Palacete do Tira Chapéu (prédio abandonado na Rua Chile, que será transformado num centro gastronômico), (D) Palácio do Rio Branco |
Primeiro dia em Salvador fui "batizada" com cordões e fitinhas da Bahia, além da foto com a baiana. Não é obrigado aceitar, paga-se pelas lembranças. |
Baiana de Oxum, simboliza o ouro e a prosperidade. Axé! |
Elevador Lacerda, primeiro elevador urbano do mundo e foi o mais alto do mundo. Inaugurado em 1873. A passagem para a cidade baixa e para retornar a cidade alta custa R$ 0,15.
Elevador Lacerda com vista para a Baia de Todos os Santos e o Mercado Modelo. Forte São Marcelo |
Mercado Modelo |
Do Mercado Modelo para o Terminal Turístico Náutico da Bahia, onde partem barcos para Ilha de Itaparica, Ilha dos Frades e Morro de São Paulo. |
Foto de época exposta no Mercado Modelo |
Mercado Modelo |
Depois da conhecer uma parte da cidade alta e na cidade baixa o Mercado Modelo, fomos de Uber até o bairro Bonfim conhecer a Basílica do Senhor do Bonfim, aquela das fitinhas. Distância 7km.
Basílica do Senhor do Bonfim |
Leva o nome do padroeiro estadual e é símbolo do sincretismo religioso. A tradição da lavagem de sua escadaria é mantida até hoje.
Outra marca registrada é a famosa fitinha do Bonfim, ela deve ser amarrada no pulso ou na grade do cercado da Basílica, com 03 nós, um para cada pedido.
Também contribui para a simpatia e fiz meus pedidos ao Senhor do Bonfim |
Muito próximo a Basílica Senhor do Bonfim, fomos a pé conhecer o Forte de Mont Serrat. Não estava aberto a visitação.
Segundos
dados do Iphan, mesmo tendo impedido o desembarque dos holandeses durante todo
o dia nove de maio de 1624, o forte era pequeno e incapaz de se defender. Por
isso, foi ocupado em 1638, quando abrigou o príncipe Maurício de Nassau. Em
1925 o Ministério da Marinha tomou posse do forte, e em 1993 foi instalado o
Museu das Armas, guardando nele as armas históricas do Estado. (Fonte: www.culturatododia.salvador.ba.gov.br)
Forte de Mont Serrat |
Em frente ao Mosteiro, um pequeno farol |
Novamente pegamos Uber, do Bonfim ao Rio Vermelho (14km), para conhecer a Casa do Rio Vermelho, ou Casa do Jorge Amado e Zélia Gattai.
Membro da Academia Brasileira de Letras, Jorge Amado é um dos mais respeitados escritores brasileiros no exterior, entre as obras destacam: Gabriela, Cravo e Canela, Dona Flor e Seus Dois Maridos, Tieta do Agreste, Teresa Batista Cansada de Guerra, Capitães de Areia, Tenda dos Milagres, Terras do Sem-Fim, A Morte e a Morte de Quincas Berro d'Água, Mar Morto, O País do Carnaval, Jubiabá, e outros tantos...
Zélia Gattai escreveu: Anarquistas, graças a Deus, A Casa do Rio Vermelho, Jardim de Inverno, Um chapéu para viagem, Jonas e a Sereia...
Se você vai na paz e quer conhecer um pouco mais da vida e da literatura da Bahia, a Casa de Jorge Amado está aberta a visitação. |
Chegamos por volta das 15h 45min e ficamos na fila torcendo para conseguir entrar. A casa fecha as 17h. Quarta-feira entrada é gratuita. Entramos as 16h 40min. Estávamos entre as 10 últimas pessoas permitidas a entrar. Somos da paz, só quem é da paz é bem vindo na casa de Jorge e Zélia, como ele dizia: "se for de paz pode entrar". Após a casa fechou. Outros tantos que estavam na fila não conseguiram... chegou a nossa vez! Obá, obá, obá!😊
Jardim da Casa |
As cinzas de Jorge Amado e Zélia Gattai foram enterradas aqui. Os azulejos criados por Caribé representam os orixás: Oxóssi e Yemanjá |
Tão perto de Jorge e Zélia... |
"Se for de paz, pode entrar" Casa de Jorge Amado e Zélia Gattai |
É um privilégio estar num local repleto de riqueza artística, na casa do escritor que levou a Bahia para o Mundo.
Praça Zélia Gattai e o Lago dos Sapos |
Escritor mais Amado e traduzido do Brasil |
Projeções no quarto de Jorge Amado e Zélia Gattai |
Artesanato dos lugares onde passou |
Simplicidade da sala de estar. |
Talvez seja o gato do livro Gato Malhado e Andorinha Sinhá |
Cozinha fartamente decorada com os pratos da culinária baiana
Biblioteca |
Sua literatura foi sempre um enfrentamento com o
Estado. Época da ditadura, suas obras foram queimadas em praça pública.
"Eu sempre fui muito rebelde e não aceitava censuras" (Jorge Amado)
Coisas de Jorge Amado |
Gostava de sapos: "Sempre foi o bicho da minha predileção" (Jorge Amado) |
SALVE JORGE e sua forte identidade com o Brasil e a Bahia!!!
Já no finzinho da tarde, fomos de Uber ao Farol da Barra, ver o por do sol. Do Rio Vermelho a Barra (8km).
Forte Santo Antônio da Barra, mais conhecido como Farol da Barra |
Devido o horário, a visitação ao Forte tinha encerrado. Mais um local para visitação na próxima oportunidade.
Forte de Santa Maria, vista do Farol da Barra. Mais um atrativo para conhecer na próxima viagem a Salvador |
Depois do por do sol, fomos da Barra ao Pelourinho (8,5km).
Aproveitamos que a Catedral Basílica da Sé, no Terreiro de Jesus, ainda estava aberta.
Otimizamos o tempo e terminamos a noite no Pelourinho. Muitas atrações artístico-cultural acontecem nesse espaço. Começa cedo, entre 19h e 20h.
Percorrer as ruas e ladeiras a pé é descobrir estilos arquitetônicos renascentista e barroco do século XVII e XVIII.
Projeto Verão de Salvador, Pelourinho Dia e Noite teve apresentação da Orquestra Afrosinfônica, regida pelo maestro Ubiratan Marques.
O Pelourinho funciona como um imenso palco, onde acontecem shows de dança, música e folclore. É bonito ver pessoas de raças diferentes unidas pela música, cultura.
Aclamado pelo jornal The New York Times como a melhor e uma das mais importantes companhias de dança folclórica do mundo, na atualidade, o Balé Folclórico da Bahia é considerada a única companhia de dança folclórica profissional no Brasil.
Apresentações acontecem no Teatro Miguel Santana, no Pelourinho. |
Não permitem fotografar ou filmar. Valor do ingresso R$60,00.
É uma experiência única de imersão na cultura baiana. Espetáculo cheio de sons e cores com apresentações de Pantheon dos Orixás, Puxada de Rede, Maculelê, Capoeira e Samba de Roda.
Lar Franciscano Santa Izabel |
2º dia em Salvador visitamos:
- Praia do Forte
- Projeto TAMAR
- Terreiro de Jesus: O Cravinho
- Terreiro de Jesus e Largo do Cruzeiro a noite: roda de samba, batucada e forró
No 2º dia desaceleramos. Bate e volta a Praia do Forte, praia mais calma, no município Mata de São João.
Dá para ir de Uber, táxi, Vans ou ônibus. Pela distância de Salvador (90km) optamos por Vans. Saem de meia em meia hora, em frente ao Shopping Bahia, antigo Iguatemi. Não recordo o valor exato, mas foi em torno de R$8,00 ou R$10,00.
Uma antiga aldeia de pescadores, um lugar que ainda preserva características rústicas. Acredita-se que a formação do vilarejo tenha começado em torno da fortaleza que o fidalgo português Garcia D’Ávila mandou construir, ainda no século XVI. O Forte armazenava as mercadorias que chegavam à costa da colônia, e que depois seriam enviadas para Salvador. Muitas famílias começaram a se instalar na região atraída pela chegada de mudas de côco que os colonizadores portugueses traziam da Ásia. Alguns homens se dedicaram ao plantio e colheita, outros se tornaram marinheiros ajudando na travessia de pessoas e mercadorias no Rio Pojuca, e outros ainda, dedicaram-se à pesca. Era o início do povoamento das terras próximas ao Forte. (Fonte: www.praiadoforte.org.br)
Localização privilegiada da Capela de São Francisco de Assis, compondo um belo cenário com o mar e as embarcações. |
Praia calma, bucólica |
Farol Garcia D’ávila |
"O primeiro acarajé agente nunca esquece" |
O Tamar está presente também na Praia do Forte. É uma das 03 primeiras bases instaladas no Brasil.
Protege anualmente mais de 1.600 desovas e 100 mil filhotes. Toda a extensão da Praia do Forte (14km) é considerada Área de Estudo do Projeto Tamar. (Fonte: www.tamar.org.br)
A missão do Projeto Tamar é promover a recuperação das tartarugas marinhas, desenvolvendo ações de pesquisa, conservação e inclusão social. Com o tempo tornou-se evidente que o trabalho não poderia ficar restrito às tartarugas, pois uma das chaves para o sucesso deste esforço seria o apoio ao desenvolvimento das comunidades costeiras, de forma a oferecer alternativas econômicas que amenizassem a questão social, reduzindo assim a pressão humana sobre as tartarugas marinhas. (Fonte: www.tamar.org.br)
As atividades do Tamar são organizadas a partir de três linhas de ação: conservação e pesquisa aplicada, educação ambiental e desenvolvimento local sustentável. (tamar.org.br)
Também recuperam tubarões, araias e outras espécies marinhas |
Infelizmente, ao lado do Projeto Tamar, os bares e restaurantes da Praia do Forte não estão se adequando e ainda usam plásticos, principalmente canudinhos. Espero que a Lei que proíbe o uso de canudinhos, aplicado em 08 Estados, seja implantada também na Bahia.
Mesmo assim os restaurantes e bares poderiam dispensar o canudo e copos de plástico por alternativas mais ecológicas, principalmente o comércio próximo ao Projeto Tamar, sem esperar pela implantação da Lei.
Espécie ameaçada pela ação do homem. Desafio diário do Projeto Tamar para salvá-las. |
Após Praia do Forte, retornamos ao Pelourinho. Ficamos no Terreiro de Jesus.
Terreiro de Jesus em noite de festa com Samba de Roda |
Samba de Roda, projeto Pelourinho Dia e Noite. Nos divertimos com um repertório selecionado das melhores músicas de samba.
O Samba de Roda é patrimônio e herança cultural afro-brasileira. Em 2005, o Samba de Roda passou a ser Patrimônio Imaterial da Humanidade e em 2013 recebeu a titulação de Patrimônio Cultural do Brasil pelo IPHAN.
♫Foi numa roda de samba
Que juntei-me aos bambas
Pra me distrair♫ (Caetano Veloso)
Ainda no Terreiro de Jesus, conhecemos O Cravinho, uma adega com tonéis, petiscos e cachaças de muitos tipos, com ambientes de taberna.
O lugar é rústico e frequentemente cheio, porém é um ponto obrigatório para quem vai a Salvador. Se não conseguir lugar para sentar nos seus quatro ambientes, o negócio é saborear os diversos sabores de cachaça em pé mesmo e ficar apreciando o movimento do Terreiro de Jesus.
O local possui uma grande quantidade de sabores, os mais apreciados são : O Cravinho (cachaça, cravo, mel e limão), Canela (cachaça, canela, mel e limão) e o Jatobá (cachaça, Casca de Jatobá, mel e limão).
A poucos passos, unido ao Terreiro de Jesus, chegamos no Largo do Cruzeiro.
No Largo do Cruzeiro, jovens mostram que sabem batucar e o pessoal cai na festa |
Sentir Salvador pelos tambores é uma experiência que só essa cidade pode oferecer.
Pelourinho é a cara da Bahia e para sentir tem que estar com espírito baiano. A alegria desse povo é única.
No centro histórico você se sente verdadeiramente na Bahia. O patrimônio arquitetônico nessa região, ainda preservado, é riquíssimo em detalhes de origem portuguesa, e o patrimônio cultural, as atrações de origem afro-brasileira acrescentam ainda mais valor, riqueza e beleza ao Pelourinho.
Depois da batucada, foi a vez do forró
No Largo do Cruzeiro muitos bares na calçada para os visitantes acompanharem e participarem das festas. |
Em uma das ladeiras do Pelourinho, mais uma vez encontramos o grupo que estava no Largo do Cruzeiro batucando.
As batucadas do Pelourinho aceleram o ritmo do coração e você sente a força da música afro.
O Pelourinho mais uma vez encantou com suas ladeiras, casas coloridas, povo educado e divertido, além da boa música que sempre está presente nas ruas do Pelô.
3º dia em Salvador conhecemos
- Pelourinho: sobrado que serviu para gravação do clipe de Michael Jackson
- Largo Terreiro de Jesus: Faculdade de Medicina e Museu-Afro Brasileiro
- Pelourinho: Missa e comemoração na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, Fundação Casa de Jorge Amado, Restaurante SENAC
- Mercado Modelo: compras
- Concha Acústica, show com Gilberto Gil - Ok Ok Ok
De manhã cedo é o melhor horário para caminhar pelas ruas do Pelourinho. São poucos os visitantes para disputar os espaços.
Registro feito com sucesso |
O rei do pop dançou na batida do Olodum e encantou.
Michael Jackson cantou sobre a miséria e o abandono dos pobres.
Depois do Largo do Pelourinho, subimos a ladeira até o Terreiro de Jesus.
Na Primeira Escola de Medicina do Brasil, hoje Universidade Federal de Medicina, conhecemos o Museu Afro-Brasileiro. O museu conta com um acervo de 1.100 peças de cultura material Africana e Afro-Brasileira, contribuindo para a divulgação e preservação dessas matrizes culturais.
O Museu Afro-Brasileiros da Universidade Federal da Bahia é um dos poucos no país, a tratar exclusivamente das culturas africanas e a sua presença na formação da cultura brasileira.
As doações dos materiais foram realizadas nas décadas de 70 e 80, por membros de comunidades de terreiro, capoeira e blocos afro, além de compras realizadas pela Universidade.
Trajes das religiões afro-brasileira |
Espada de Ogum, Iansã e Iemanjá |
Conjunto de Talhas, representam: Saída de Iaô de Ossaim, Erê, Exu, Iemanjá, LogunEdê |
Machado de Xangô |
Representa poder e alto grau na hierarquia sócio-religiosa afro-brasileira. Contém símbolos referentes ao orixá, vodun ou inquice do iniciado |
Doações de Terreiros. Abebê de Iemanjá e Oxum |
A escultura em madeira reforça os traços da identidade africana e reflete total integração com os aspectos da vida política, social, econômica, educativa e religiosa. Valor estético, é fonte transmissora do pensamento filosófico e da concepção de vida dos diversos grupos étnicos. (Fonte: mafro.ceao.ufba.br)
Atabaques Rumpi |
A música está ligada a vida social e espiritual da África. Estabelece um vínculo entre os vivos e os mortos, quando invocados os espíritos. Também acompanha os contos, as histórias, as lendas e poesias, servindo de veículo para a educação e transmissão de conhecimentos. Há uma grande diversidade de instrumentos musicais africanos, presente em diversos ritos e celebrações das religiões afro-brasileiras, possuindo geralmente caráter sagrado. (Fonte: mafro.ceao.ufba.br)
Chocalho Xerê de Xangô (1), sineta de Heviosso (2), Adjá de Oxum (3), Agogô (4,5) |
Caribé integrou-se completamente a cultura afro-baiana. Registrou de maneira expressiva os ritos do candomblé, as manifestações populares da vida baiana, costumes dos pescadores, vendedores ambulantes, lavadeiras, prostitutas, capoeiristas e tocadores de berimbau. (Fonte: mafro.ceao.ufba.br)
Também ilustrou vários livros de escritos: Jorge Amado, Mário de Andrade, Henrique Amorin, Lima Barreto, Rubem Braga, Gabriel Garcia Marquez...
Painéis de Caribé. Cada um tem 2m de altura. É de tirar o fôlego! |
Os 27 painéis representam os orixás do candomblé da Bahia, com seus atributos e animais litúrgicos.
Quem vem a Salvador não pode deixar de conhecer o Museu Afro-Brasileiro.
Próxima visita Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos |
Janela da igreja para a Ladeira do Carmo |
Parada obrigatória na Fundação Casa de Jorge Amado, são 03 andares com acervo do autor. Casarão azul em frente ao Largo do Pelourinho. Aberto ao público a partir das 10h da manhã, entrada R$5,00. |
No seu Acervo encontramos fotos do escritor baiano e de sua família, livros e romances de sua obra, além da Cafetaria que leva o nome da sua esposa "Zélia Gattai"
Álbum de Família |
O acervo fotográfico da Fundação Casa de Jorge Amado foi adquirido através de uma doação feita pela família do escritor Jorge Amado, visando a sua preservação e divulgação. É uma relevante fonte de pesquisa, uma vez que revela momentos marcantes da vida e trajetória política e literária do escritor, fotografado através das lentes da escritora Zélia Gattai. (Fonte: jorgeamado.org.br)
Quantas obras saíram dessa máquina de escrever... |
Os degraus das escadarias são decorados com o nome dos livros de Jorge Amado. Outras escadarias levam o nome dos personagens e também dos bairros de Salvador.
"Os anos de adolescência na liberdade das ruas da cidade de Salvador da Bahia, misturado ao povo do cais, dos mercados e feiras, nas rodas de capoeira e nas festas populares, nos mistérios dos candomblés e no átrio das igrejas centenárias, forma minha melhor universidade." (Jorge Amado)
"... não existe nada melhor no mundo que andar assim, ao azar, da Bahia. Algumas destas ruas são asfaltadas, mas a grande, a imensa maioria é calçada de pedras negras." (Jorge Amado)
Das janelas da Fundação Casa de Jorge Amado, impossível não se encantar com a paisagem que chama atenção. O Pelourinho se revela em diversos ângulos e interpretações. |
O passeio continua pela Fundação...
Jorge Amado |
Cronologia da vida do autor |
Com conteúdo interativo, a mostra traz vídeos, fotos e objetos pessoais que traduzem muito da sua história de vida e de Zélia.
Tradução dos livros de Jorge Amado pelo mundo |
SALVE JORGE!!!
Almoço no restaurante SENAC. Uma oportunidade de provar vários pratos de comida baiana de qualidade, sem ter as limitações de um serviço à la carte, que embute preços altos.
SENAC foi uma imersão gastronômica na culinária baiana, uma infinidade de sabores que só a Bahia tem. |
A noite, show do baiano Gilberto Gil, na Concha Acústica (6km saindo do bairro Stº Antônio Além do Carmo). A última apresentação da turnê ok ok ok.
Gil, um talento, o que há de melhor na representatividade baiana.
♬♫ Avisa lá, avisa lá, avisa lá, ô, ô, avisa lá que eu vou...♪♪
Não poderia perder essa oportunidade única, Salvador com Gilberto Gil.
Aproveitamos o momento, o privilégio de estar diante do maior cantor brasileiros da nossa história.
Após enfrentar problemas de saúde, Gil compôs músicas que caracterizaram o momento. A banda integra seus filhos, Nara, Bem e José.
Na primeira parte do show ok ok ok, Gil toca violão
Sempre com ótimo humor, Gil perguntava quando alguém na plateia se manifestava: "Qual é a queixa?"
Gilberto Gil falou que "precisa haver uma nova abolição, uma nova extinção da escravatura, que não fique só no papel, que conquiste as consciências. Reconhecer o racismo no Brasil para enfrentá-lo de forma mais efetiva" .
Na segunda parte, Gil canta em pé e toca guitarra. (ver vídeos)
Gilberto Gil levantou a platéia com músicas como: Maracatu Atômico, Pro Dia Nascer Feliz e Avisá Lá...
Como mantra Gil enfatizou: "Minha ideologia é o nascer de cada dia, e minha religião é a luz na escuridão"
4º dia em Salvador foi assim:
- Vista para a Baia de Todos os Santos, Palácio do Rio Branco e Elevador Lacerda. Não deu tempo de conhecer o Museu da Misericórdia.
- Memorial e Santuário Irmã Dulce
- Praia de Itapuã: Praia, Casa de Vinícius de Moraes e Praça Vinícius de Moraes, Farol de Itapuã
Vista para a Baía de Todos os Santos |
No Bonfim, conhecemos o Santuário Santa Dulce dos Pobres e o Memorial (7,4km saindo do Pelourinho).
Irmã Dulce é a primeira Santa Brasileira, nascida no Brasil, no bairro Santo Antônio Além do Carmo, em Salvador. Primeira Santa da nossa época.
Santuário Santa Dulce dos Pobres |
Urna onde se encontra o corpo da Santa Dulce |
Inaugurado em 1993, um ano após a morte da freira baiana, o Memorial Irmã Dulce (MID) é uma exposição permanente sobre o legado de amor e caridade do Anjo Bom do Brasil, reunindo mais de 800 peças que ajudam a preservar e manter vivos os ideais da religiosa. O hábito usado por ela, fotografias, documentos e objetos pessoais, que ainda preserva, intacto. O quarto de Irmã Dulce, onde está a cadeira na qual ela dormiu por quase trinta anos em virtude de uma promessa. Outros fatos marcantes de sua vida são lembrados através de maquetes, livros, diplomas e medalhas. (Fonte: irmadulce.org.br)
Irmã Dulce na vida do escritor Paulo Coelho |
Irmã Dulce era Sanfoneira |
A obra de Irmã Dulce é algo que necessariamente tem algo de divino. O Memorial mostra que ela realmente foi um ser humano iluminado. Independente de qualquer religião, sua vida deve ser conhecida e valorizada.
Existe uma relação muito forte na vida de Irmã Dulce com o número 13:
· Em 1927, ela revela o interesse pela vida religiosa aos 13 anos de idade.
· Em 1927, ela revela o interesse pela vida religiosa aos 13 anos de idade.
· Em 1933, no estado de Sergipe, recebe o hábito e o nome religioso de Irmã Dulce, no dia 13 de agosto.
- Somando a data do seu nascimento com o mês, 26-05 = 13.
· Em 1992, morre aos 77 anos, no Convento Santo Antônio, em Salvador, ao lado de seus doentes, no dia 13 de março.
· Em 2010, no dia 10 de dezembro, a freira baiana foi coroada como a primeira beata nascida na Bahia e passou a se chamar Bem-Aventurada Dulce dos Pobres, tendo o dia 13 de agosto como data oficial de celebração de sua festa litúrgica.
· Em 2019, Irmã Dulce foi proclamada santa pela Igreja Católica, no dia 13 de outubro de 2019, em cerimônia presidida pelo Papa Francisco, no Vaticano.
(Fonte: irmadulce.org.br)
(Fonte: irmadulce.org.br)
Recebia visitas de diversas personalidades, entre elas o Papa João Paulo II |
Sempre tão querida e respeitada, recebeu incentivo do povo baiano, de brasileiros de diversos estados e de personalidades internacionais para construir a sua obra.
Quarto da Irmã Dulce e a cadeira onde dormiu por quase 30 anos em virtude de uma promessa.
Homenagem a Irmã Dulce. Obra de Battista Mombrini (pintor e escultor italiano) |
Ao visitar o Memorial podemos ter ideia da grandiosidade das Obras de Irmã Dulce.
Santo Antônio, o santo de devoção da Irmã Dulce. |
Do Bonfim a Itapuã de Uber (28,5), conhecemos a Casa de Vinícius de Moraes.
Além de visitar a Casa, pode-se usufruir do restaurante. |
O restaurante manteve a estrutura original da casa. Os objetos pessoais de Vinícius decoram a sala de estar.
Pertences de Vinícius |
Uma das composições mais conhecidas, Tarde em Itapuã. Letra original exposta aos visitantes. |
O violão faz parte da decoração da sala |
Esboço datilografado da letra Regra Três. |
Vinícius e sua última esposa, Gessy. |
Na casa há objetos que revelam o interesse de Vinícius pelo candomblé. |
Udo Knoff foi um ceramista alemão radicado na Bahia. |
Depois de conhecer um pouco mais da vida de Vinícius, fomos passar o fim da tarde na praia de Itapuã.
Passar uma tarde em Itapuã Ao sol que arde em Itapuã Ouvindo o mar de Itapuã Falar de amor em Itapuã (Vinícius de Moraes) |
Praia cantada pelo poeta, é muito bonita e cheia de charme. |
Farol de Itapuã |
Praça Vinícius de Moraes, em frente a praia de Itapuã |
Olha quem está alí... o Vinícius! |
Poeta que eternizou Itapuã em seus versos. |
Despedimos de Salvador a noite, com vista para o Elevador Lacerda e mais festa no Pelourinho |
Quero relatar que os dias e noites em Salvador foram tranquilos, seguros. Em nenhum momento presenciei ou sofri algum tipo de problema. Andamos a pé pelas ruas do Pelourinho (da cidade alta a cidade baixa) até Santo Antonio Além do Carmo (onde nos hospedamos), tanto de dia quanto a noite. Também outros bairros, como Bonfim, Itapuã, Barra, Rio Vermelho, tudo muito tranquilo. Procuramos andar com roupas simples e nada de ostentação. Passamos sempre em ruas movimentadas e turísticas. Não sofremos nenhum tipo de assédio ou violência. Achei tudo muito, muito tranquilo. Podem ir a Salvador que a segurança e a festa por lá é garantida. "Não ando no breu, nem ando na treva, é por onde eu vou que o santo me leva" (Maria Bethânia)
Li alguns relatos na internet de pessoas reclamando principalmente dos vendedores ambulantes. "Hellooo", muitos vivem disso, de vender lembrancinhas ao turistas.
Eles são insistentes? São. Porém se você não quer comprar, agradeça, simples assim. Imagino como se comportaram esses turistas para falar tão mal de um lugar, um povo, que para mim foi incrível. Desemprego cresceu muito no último ano e no Brasil estamos vivendo uma situação de "salve-se quem puder", isso no sentido de ganhar honestamente a vida. Por favor, vamos ser turistas melhores, vamos entender e aceitar a presença dos vendedores ambulantes, é uma condição que muitos encontraram para sobreviver porque não conseguem outro tipo de trabalho.
Como resumir Salvador em poucas palavras..., posso dizer que é a capital mais alegre, mais cheia de vida e energia que conheci. Tem tudo em Salvador, desde beleza natural, cultura, gastronomia, arte popular, povo maravilhoso, talentos, música, festa e muita, muita história.
Foi a capital mais receptiva que conheci nas viagens. Salvador sabe acolher os visitantes com muito axé e alegria.
Quando vier a Salvador, tenha certeza que verá pelas ruas centenárias um povo alegre (apesar de sofredor), respeitoso (também com os animais), comunicativo, festivo e orgulhoso de sua cultura e sua terra.
Muito AXÉ para você que leu até aqui ❤
Continuando a viagem na Bahia, acesse os dias em Morro de São Paulo:
https://rosmarischelle.blogspot.com/p/morro-de-sao-paulo-ba.html
Axé ��
ResponderExcluirMuito boa essa viagem, amei.
Voltei com a sensação de pertencimento. Lá senti que não estava pisando em qualquer cidade. Esse lugar tem muito mais a oferecer das coisas e lugares que vi em 04 dias. Quando voltar a Salvador pra matar saudade, se prepara Daia, vai rolar convite.
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