alter do chão

JALAPÃO, deslumbre-se!


 A primeira vez que ouvi falar do Jalapão - TO, quando assisti o filme DEUS É BRASILEIRO, em 2003. Chamou atenção pelos lugares escolhidos nas gravações e mais ainda quando  mostram cenas no Jalapão, um cenário fantástico e exótico. 
Em 2003,  era praticamente impossível fazer turismo no Jalapão, e quando começou estourar, eram uma ou duas empresas que operavam, cobrando valores absurdos. 
Nunca tirei Jalapão da minha lista de viagens, sempre aguardando o momento certo e também bons preços. 


 
Passaram alguns anos e o Jalapão chamando..., e nesse ano, 2019, tive a oportunidade.



Hoje são diversas agências operando no Jalapão. 
Após, muitas pesquisas e contatos fechei com a BURITI ADVENTURE, não poderia ter escolhido melhor. O contato foi com Oziel, atencioso e sempre pronto a esclarecer qualquer dúvida.  Fizemos o passeio com o guia Douglas, super profissional, experiente, pontual, sempre passava todas as informações e explicava cada detalhe. As pousadas são confortáveis, limpas, com cheirinho bom. A comida bem preparada, com temperos que fazem a diferença. Foi uma expedição de 05 dias, e o guia Douglas nos deixou bastante a vontade, e o tempo em cada lugar era bem tranquilo, não ficava nos apressando. O guia cumpriu todo o roteiro que escolhemos. Contratar a Buriti, foi uma escolha certa. Equipe excelente, melhor impossível. 

Os receptivos oferecem um preço  para cada pacote e dias. Para escolher o seu, veja as especificidades de cada um, as disponibilidades de data, as atrações e alimentações incluídas, tipo de hospedagem...

Conhecer o Jalapão não é tão simples assim. Só carros 4x4 para poder circular, como dizem: "O Jalapão é Bruto". É necessário um guia, pois é muito fácil se perder nas estradas de chão e areia, sem sinalização. 

Da saída de Palmas, capital de Tocantins, até o retorno, foram percorridos em torno de  1.000 km.

Mapa do Jalapão

O Jalapão está localizado no Estado de Tocantins, faz divisa com a Bahia, Maranhão e Piauí. Em meio da paisagem árida, a região é repleta de águas cristalinas, chapadões, serras e cerrado abundante. É rica em cachoeiras, rios, dunas e nascentes impressionantes. 

As principais cidades de apoio para quem pretende visitar o Jalapão são: Ponte Alta do Tocantins, Mateiros e São Félix do Tocantins. As três formam um roteiro circular que começa e termina em Palmas.


Nessa aventura, embarcamos eu e Daiane. Tivemos a companhia de Letícia - São Paulo. 



Nossa turma (Eu, Daiane, Letícia e o guia Douglas)


  

Roteiro de 05 dias


1º dia:
- Cachoeira Escorrega Macaco;
- Cachoeira da Roncadeira;
- Almoço em Ponte Alta do Tocantins;
- Cachoeira Pedra Furada;
- Por do sol na Pedra Furada
- Pernoite em Ponte Alta do Tocantins 

 
 2º dia:
- Cânion da Sussuapara
- Lagoa do Japonês (almoço)
- Pernoite em Ponte Alta do Tocantins


3º dia
- Cachoeira da Velha
- Prainha do Rio Novo
- Por do sol nas Dunas
- Pernoite em Mateiros



4º dia

- Fervedouro dos Buritis
- Comunidade de Mumbuca
- Fervedouro do Ceiça
- Fervedouro do Rio Sono (almoço)
- Cachoeira da Formiga
Pernoite em São Félix do Tocantins

 
5º dia

- Fervedouro Bela Vista
- Fervedouro do Alecrim
- Cachoeira das Araras
- Serra da Catedral
- Morro Vermelho




Saimos de Palmas as 8h da manhã e no caminho, antes de chegar no Jalapão, paramos  em Taquaraçu, muito conhecida pelas 82 cachoeiras catalogadas. Conhecemos duas. 
A 32km de Palmas, Taquaraçu é uma espécie de refúgio para recarregar as energias.

Cachoeira Escorrega Macaco


Subidas, descidas e trilhas revelam os encantos das cachoeiras

Cachoeira da Roncadeira, 70m de altura
 
Saindo de Taquaraçu,  pegamos a estrada para o Jalapão
Cerrado


Ipê do Cerrado




 No caminho, estradas estreitas de areia e apenas setas indicando o local para seguir




Cachoeira da Pedra Furada


O Jalapão é um lugar único. Estou relatando como conheci e o que presenciei. Algumas fotos e registros não serão tão bonitos como as belezas naturais do Jalapão. O "bicho homem" está causando muitos danos nessa área, tudo em nome do AGRONEGÓCIO. 
CADÊ  O  CERRADO  QUE  ESTAVA  AQUI?

É uma pena começar a viagem no Jalapão com imagens como essa. Próximo a Pedra Furada, nos deparamos com as rentáveis culturas do eucalipto, planta exótica, que NADA TEM A VER COM O CERRADO, mas cujo plantio em larga escala já está sendo realizado no Jalapão. 

O eucalipto é uma árvore nociva ao bioma, ao patrimônio biológico do cerrado. Muito preocupante a falta de bom senso desses grandes destruidores e gananciosos silvicultores do Tocantins. Espero que os Tocantinenses, os visitantes e principalmente quem depende do turismo para sobreviver, fiquem atentos para que essa atividade e os focos de incêndio, não destruam ainda mais o cerrado e o Jalapão. 

Não poderia publicar apenas as belezas do Jalapão e ignorar o desmatamento, as queimadas e o plantio de eucaliptos. Essas destruições não são tão divulgadas por quem vai ao Jalapão. 


Porém tem o lado bom, são os pequenos proprietários e as comunidades quilombolas. Essas comunidades foram integradas ao desenvolvimento do turismo, resistindo  as ameaças do avanço do agronegócio.
Essas valorizam a área e exploram mais a agricultura de subsistência, comercializam peças de artesanato feitas com capim dourado,  oferecem serviços aos turistas (restaurantes, pousadas, apoio nos atrativos...), além de ajudar a preservar a fauna e a flora. 


Terra!
És o mais bonito dos planetas
Tão te maltratando por dinheiro
 

Tu que és a nave nossa irmã (Beto Guedes)


Pedra Furada

Rocha de arenito


O Jalapão é conexão total com a natureza. Essa foto da Daiane também transmite muito bem isso.⠀


A Pedra Furada abriga muitas aves, entre elas as Maritacas. Para quem não vê beleza nas pedras e  acha que pedra é só pedra, se engana, há muita vida, até na dureza das pedras...
 

Janela







Esperamos o entardecer na Pedra Furada. Por uma trilha, chegamos em outro ponto da Pedra, onde podemos ver a imensidão da região e apreciar o por do sol. O auge da Pedra Furada é mesmo no fim da tarde, lugar ideal para aquela foto inesquecível do Jalapão. 





Por do sol na Pedra Furado, seria lindo, se não fossem os vários focos de queimadas provocadas pelo homem, gerando cicatrizes imensas ao bioma.
Esse ano, 2019, as queimadas provocadas pelo homem aumentaram absurdamente. As consequências estão sendo drásticas para o bioma, isso porque ocorrem em grandes proporções e intensidade. A intensa ocupação e o desenvolvimento da atividade do AGRONEGÓCIO no bioma, modificaram sua paisagem, causando perdas inestimáveis na biodiversidade, prejudicando a fauna e a flora do Cerrado. 
Quem está ganhando com essas queimadas? Quem ganha com o Brasil em chamas?




A lua também apareceu, dando um espetáculo a parte
Apesar das queimadas e plantio de eucaliptos, no 1º dia de passeio vimos também paisagens incríveis, entre tantas inúmeras que o Jalapão nos presenteia.


Os dois primeiros dias a parada foi em Ponte Alta do Tocantins. Almoço e janta na casa da mãe do Oziel, dona Dinorá e pernoite na confortável Pousada do Oziel.


 2º dia:
- Cânion da Sussuapara
- Lagoa do Japonês (almoço)
- Pernoite em Ponte Alta do Tocantins




Caminho ao Cânion Sussuapara



Algum tempo atrás, era muito comum ver nas proximidades do Cânion Sussuapara o Cervo do Pantanal, também chamado Suçuapara. Provavelmente, eles eram atraídos pela fartura de água. Por causa da caça e queimadas, avistar um animal desses por aqui, ficou bem mais difícil.






Contam que o Cânion Sussuapara, cercada por paredões,  já foi coberto pela água.  Com o tempo, a areia trazida pelo rio foi aterrando o  poço e, atualmente, a gente pode andar sobre ele sem molhar os pés.








Casas típicas da região. Casa modestas e recepção carinhosa que nos deixam a vontade diante de tanta simplicidade.

Restaurante da dona Minervina, uma senhora muito simpática que faz uma comida caseira saborosa.




 Um oásis que brota no meio do cerrado, a Lagoa do Japonês

 Lagoa do Japonês - um precioso tesouro natural
A lagoa está localizada no município de Pindorama,  em uma propriedade particular e tem este nome devido à descendência oriental de um antigo dono.

O lugar tem infraestrutura e aluga sapatilhas para não machucar os pés nas pedras da lagoa.

O lugar é espetacular, com águas cristalinas. E para o calor do Tocantins, foi simplesmente maravilhoso. É um lugar imperdível para quem for ao Jalapão.


Gruta na Lagoa do Japonês. Formação rochosa formada pela ação do tempo.



Apesar da transparência da água, aqui não dá pé como nos primeiros decks.



 Quem imaginaria que o árido cerrado teria um lugar como esse...


A recomendação é não usar protetor solar, repelentes ou qualquer tipo de creme para evitar a contaminação da água.


Os peixinhos são um espetáculo a parte. Ficam o tempo todo fazendo uma esfoliação nos nossos pés e pelo corpo também. Aliás eles não escolhem o lugar para dar suas "bicadinhas". Nada dolorido, faz até cócegas.

Depois da Lagoa do Japonês, outra surpresa deliciosa nos aguardava.
Visitamos a tia do Douglas.


Essa é a casa da tia do Douglas. Aqui experimentamos o café, o queijo e o doce de leite, mais gostoso do Jalapão. O convite dela para entrarmos nos conquistou: "chega aí"

Diante dessas raridades (pessoas, casas), como não lembrar da música Simplicidade:


♫ Vai diminuindo a cidade
Vai aumentando a simpatia
Quanto menor a casinha
Mais sincero o bom dia
Café tá quente no fogo
Barriga não tá vazia
Quanto mais simplicidade
Melhor o nascer do dia ♬


Em Palmas, capital de Tocantins, experimentei o suco de Tamarindo. No sul não existe essa fruta, só ouvimos falar no programa do Chaves.

Na casa da tia do Douglas conheci a árvore e a fruta.


Tamarindeiro - Árvore do Tamarindo

Fruta Tamarindo


Sabor doce e ácido ao mesmo tempo.

Bom ver isso no Jalapão, o "bem estar animal".  Os animais criados soltos são menos agressivos.





3º dia
- Cachoeira da Velha
- Prainha do Rio Novo
- Por do sol nas Dunas
- Pernoite em Mateiros



 
Pé na estrada!


E o Jalapão esconde mais mistérios... no caminho para Cachoeira da Velha, passamos em frente as instalações que já foram do colombiano Pablo Escobar. Essa história é pouco conhecida aqui no Brasil. Aconteceu a  30 anos atrás, quando o narcotraficante tentava conquistar território no Brasil.

Esse vaso em frente a uma das instalações,  já denunciava a ostentação do proprietário
 Ustedes pueden aceptar mi negocio o aceptar las consequências (Pablo Escobar)



A organização só foi descoberta porque havia um policial infiltrado, disfarçado de empregado da Fazenda.
Hoje essa área pertence ao Estado de Tocantins.



 É incrível que o Jalapão já fez parte da trajetória da história de Pablo Escobar.
 
 Fato instigante que aguça nossa imaginação.

Pista de pouso para os aviões de Pablo Escobar


Deixando para trás o turismo histórico da vida de Pablo, retornamos ao ecoturismo.
Chegamos na Cachoeira da Velha.

Plataforma que dá acesso à Cachoeira da Velha


 A Cachoeira da Velha recebe as águas do Rio Novo.






Incrível a resistência dessa árvore diante da potência da queda d'água.


Para quem gosta, pode fazer o rafting pelo Rio Novo, saindo da Cachoeira da Velha.

Considerada a maior Cachoeira do Jalapão



Prainha do Rio Novo

Aqui foram gravadas algumas cenas do filme Deus é Brasileiro.

Prainha do Rio Novo, águas calmas e transparente.

O Rio Novo é considerado um dos maiores rios de água potável do mundo. 



O famoso Capim Dourado. Espécie de sempre-viva endêmica do Cerrado da região do Jalapão. Mês de setembro estará maduro, pronto para a colheita e confecção de peças de artesanato com alto valor agregado.

  
A Prainha do Rio Novo, localizada a poucos metros da Cachoeira da Velha, tem longa faixa de areia branca, água tranquila e muita sombra.

Retornamos da Prainha e o guia já nos esperava com a mesa pronta para o piquenique. Nesse dia nosso almoço foi assim porque na região não há restaurantes. Mas isso não é problema para nós que gostamos muito mais da natureza a obras e estruturas feitas pelo homem.

Sanduíche, lanche e frutas. Nunca esquecerei o sabor e o doce do melão que provei nesse dia. O melhor que provei até hoje.


Uma parada na comunidade Quilombola do Rio Novo


Peças feitas com Capim Dourado,  pelos Quilombolas

 No caminho, as belezas reveladas pelo Rio Novo
 

 Rio Novo



No caminho certo para as Dunas do Jalapão



Jalapão não é para amadores!


Quem deseja se aventurar sem guia no Jalapão e sem um carro adequado para enfrentar as adversidades nos trajetos,  aí vai o conselho: você poderá se perder ou ficar atolado na areia. Esse, teve muita sorte que um guia o rebocou até as dunas.

Nosso guia falou que alguns testes de resistência são feitos no Jalapão, com carros a serem lançados no Brasil. Já aconteceu de alguns não passarem nos testes e ficarem encalhados dias, até serem resgatados. Mas isso não é divulgado, só sabem desses fatos quem é de lá...


Muitos visitantes que tentam conhecer o Jalapão de forma independente acabam não aproveitando todos os atrativos e, na maioria das vezes, tem o carro atolado. 
Os problemas são tão frequentes que muitas locadoras de Palmas se recusam a alugar veículos para pessoas que tem como destino o Jalapão. A justificativa é que, em caso de pane ou de acidentes, o guincho do seguro não entra no Parque. Por isso, a melhor forma de chegar ao Jalapão é contratando uma agência que conheça bem a região.




Serra do Espírito Santo

A Serra do Espírito Santo é um dos símbolos da topografia do Jalapão, marcada por formações de chapadas.

Com aproximadamente 22km de extensão à 750mts de altitude, é visível de diversos locais durante o roteiro.

Seu nome se deve ao "Córrego Espírito Santo" que nasce no pé da serra e corre até encontrar o Rio Sono, próximo ao Povoado Quilombola do Mumbuca.




Serra do Espírito Santo, vereda e buritis. Visual incrível!

Buritis à beira das veredas












Seguimos de carro até o ponto de início da trilha para as Dunas, a partir desse ponto só pode seguir a pé. 
Há dois caminhos para chegar nas dunas: entre a vegetação com chão de areia ou pela vereda. 
Ao chegar nos pés da Duna, o acesso para subir é pela lateral. É proibido subir pela frente, pois acarretará em um impacto ambiental em que levará anos para se reconstruir.
As dunas estão bem preservadas, com delimitação para andar, e por do sol vem para encantar. Do alto da duna tem uma visão total da serra do Espírito Santo que é linda.


Cores, cores, cores... indescritível

Visual surreal. Dunas douradas. A relação entre a Serra do Espírito Santo com as dunas é incrível e impossível imaginar uma ou outra sozinha. Ambas são imponentes.

As dunas são consequência da erosão da Serra do Espírito Santo. A coloração da areia é diferente das areias que encontramos pelo Jalapão.











Sensação de tranquilidade e bem estar que todos deveriam experimentar.


Só quando se chega na parte alta das Dunas é que se consegue ter a noção da imensidão desse lugar. Andei bastante pela duna e só vi o fim, ou começo, na encosta da Serra do Espírito Santo.


Lugar lindo que lembra um oásis. Água e vegetação ao redor da areia. 




Depois das dunas seguimos para Mateiros, onde experimentei a Jalapa.

O nome Jalapão tem origem nessa planta, que é  comum na região, a Jalapa-do-Brasil. O tubérculo dessa flor é misturado à cachaça para dar um sabor diferente. Uma dose dupla dessa cachaça é um jalapão.


Jalapa - flor que deu origem ao nome Jalapão (foto by Douglas)

Existe a opção de fazer a trilha que leva até o topo da Serra do Espírito Santo para ver o nascer do sol. Dizem que é muito bonito. Para fazer a trilha tem que levantar cedo, de madrugada, e só é permitido fazer com acompanhamento de um  guia. Eu ia fazer essa trilha, mas ninguém se encorajou. O guia só faz a trilha com duas pessoas ou mais. Uma pena, vou ter que voltar lá! 
Como consolo, o guia enviou essa foto da flor Jalapa e a vista de cima da Serra. 


4º dia

- Fervedouro dos Buritis
- Comunidade de Mumbuca
- Fervedouro do Ceiça
- Fervedouro do Rio Sono (almoço)
- Cachoeira da Formiga
Pernoite em São Félix do Tocantins


Em Mateiros, na Pousada Areias do Jalapão, tivemos um café da manhã maravilhoso, com uma decoração única.


Pousada em Mateiros. Detalhes que dão um charme à mesa do café.



Pegamos a estrada, para encontrar os fervedouros


As melhores estradas do Jalapão são assim... 




Outro grande atrativo do Jalapão, são os fervedouros. Suas nascentes trazem água do fundo da terra e com o solo arenoso, cria a ilusão de que tudo parece estar realmente fervendo. As águas são mornas.

Fevedouro Buritis
O Fervedouro Buritis encanta pela cor azul da água e também pelos grandiosos buritis e bananeiras que cercam o local. Com grau de flutuação leve e muito verde ao redor, esse fervedouro agrada pela grande piscina e transparência da água.



Impossível não se entregar a essa sensação quando percebe que se está flutuando em uma piscina de água natural sobre uma potente nascente. Você pode até tentar, mas não conseguirá afundar. A pressão exercida pela água que jorra do lençol freático para a nascente é capaz de manter as pessoas em flutuação constante, sem nenhum esforço, apesar da profundidade absurda.


Aquela paz que vem da natureza...



Fervedouro do Ceiça

Primeiro fervedouro a ser divulgado para o público, o Fervedouro do Ceiça ainda hoje está entre os mais famosos e visitados do Jalapão. O poço tem uma nascente principal e a intensidade da pressão é bem alta, fazendo com que os visitantes flutuem com facilidade. O fervedouro é cercado por bananeiras...





Para quem nunca esteve no Jalapão, não adiante tentar descrever o que é um fervedouro. É um misto de sensações que nos encanta... e encanta mesmo. É inexplicável e deslumbrante!


A leveza com que se flutua nos fervedouros é incomparável.
 

No Jalapão, há fervedouros de vários tamanhos, formatos e intensidade de flutuação. Há muitos na região,  mas atualmente são poucos abertos à visitação. Todos eles estão localizados em áreas particulares,  entre Mateiros a São Félix do Tocantins. Em todos os fervedouros é limitado o número de visitantes, sendo permitido nadar ao mesmo tempo entre quatro e dez pessoas. 




Por isso recomendo passeio guiado no  Jalapão. Como saber o caminho certo a seguir? 



Moradores da região


Comunidade Mumbuca, nome indígena que significa Abelha Azul, uma espécie comum da região.

Além de apreciar e aproveitar a beleza das nascentes, conhecemos algumas comunidades quilombolas, tão comuns no Jalapão,  entre elas, a Comunidade Mumbuca.
 




O famoso artesanato de capim dourado. Muitas peças são exportadas para Europa.
O capim dourado constitui a principal fonte de renda das comunidades residentes no interior do Parque Estadual do Jalapão.

Capim dourado, espécie nativa do Brasil e própria do cerrado.

Os artesãos produzem grande diversidade de peças, como chapéus, cestos, vasos, mandalas, bijuterias, bandejas  e outros. A tradição do artesanato com o capim dourado, o “ouro do cerrado”, foi passada pelos índios da etnia Xerente que no começo do século XX saíram caminhando pelo lado do Rio Araguaia e passaram pelo povoado quilombola Mumbuca e ensinaram alguns moradores a “costurar capim” com a seda de buriti. Desde então, esse saber tem sido passado de geração para geração.
Além do artesanato, as comunidades sobrevivem do plantio de produtos de subsistência e outros serviços oferecidos aos turistas.


Seguindo o passeio, fomos conhecer outro fervedouro, o Fervedouro do Rio Sono.
Fervedouro do Rio Sono




Banho delicioso no Fervedouro do Rio Sono e paisagem incrível.





Na tarde quente do Jalapão, sono tranquilo do filhote sob os olhos atentos da mãe.







Passamos a tarde na Cachoeira da Formiga... água translúcida.


Cachoeira da Formiga





Com água verde-esmeralda, é simplesmente fantástico. 





O guia Douglas contou o motivo do nome Cachoeira da Formiga
Essa planta abriga formigas e protege de predadores. Há várias dessas árvores ao redor da cachoeira. 



 No caminho, o guia, foi muito gentil e colheu cajuí do cerrado.




O tamanho do Cajuí do Cerrado... não dá maior que isso.

Depois da poeira...


...vem o fervedouro.

Banho noturno no Fervedouro Bela Vista
A água dos fervedouros estão sempre a uma temperatura agradável e, no calor que faz no Jalapão, essas piscinas naturais são verdadeiros oásis.


Entrar num fervedouro é uma das melhores sensações que já tive. 
Depois que conheci os fervedouros do Jalapão, piscina não tem mais sentido. 


Tentar afundar e não conseguir, é incrível. Então é relaxar e confiar!


No vídeo, o momento exato que a água brota. Um espetáculo!




Mergulho muitas e muitas vezes como se não acreditasse que isso é real. 

Quando olho para cima, vejo um céu estrelado completando o cenário.

Aqui pernoitamos, no interior de São Félix do Tocantins. Ótima estrutura, com pousada e restaurante, além da atração maior, o fervedouro dentro da propriedade. Banho noturno e matinal.


5º dia

- Fervedouro Bela Vista
- Fervedouro do Alecrim
- Cachoeira das Araras
- Serra da Catedral
- Morro Vermelho


Acordamos cedo para aproveitar o fervedouro Bela Vista





Muitos consideram  o mais bonito do Jalapão, o Fervedouro Bela Vista.  A piscina desse fervedouro é a maior entre todos os fervedouros, de água transparente e incrivelmente azul.


A cor e a temperatura da água, a vegetação ao redor e os peixinhos que nos acompanham... dá vontade de ficar o dia inteiro aqui dentro.


De manhã cedo a água do fervedouro é mais quente que nos outros horários. Dá para ver o vapor saindo da água. É nesse horário que os fervedouros fazem jus ao nome.
Para entrar no fervedouro, não pode usar protetor solar, nem repelente.





Próximo Feverdouro a visitar, o Alecrim 


O Fervedouro do Alecrim compete em tamanho e beleza com o Fervedouro Bela Vista. O formato dos dois é bem semelhante, assim como infraestrutura de madeira para acesso à piscina. A principal diferença entre os dois é a cor. Enquanto o Bela Vista é azul, o Fervedouro do Alecrim é extremamente verde.

Entrada para ao Fervedouro Alecrim



Fiquei encantada com tanta beleza


Mais um banho nos fervedouros do Jalapão, por favor!




É muito importante que cada um faça sua parte em cuidar e proteger o meio ambiente. Seja um viajante consciente e preserve, pois, os fervedouros são lugares muito sensíveis.


Ficamos muito tempo no Alecrim porque não tinha mais ninguém para disputar o lugar.


Próxima parada:

Cachoeira das Araras

Apesar do pouco volume de água que o normal, tem um poço que pode render ótimos banhos aos corajosos, se a água não fosse tão gelada... Nem se compara com a temperatura das águas dos fervedouros. 
Nessa propriedade tem um restaurante de um gaúcho, comida muito boa, só atende com reserva.


Outra beleza do Jalapão é a Pedra da Catedral


No caminho de volta a Palmas, uma parada no Morro da Catedral para registrar a curiosa formação dessa montanha que realmente parece a fachada de uma igreja.







A rocha, com 180m, tem uma interessante formação geológica.

Parada para fotos


No caminho, outros rios surgem nesse deserto, chamado Jalapão.



A região do Jalapão está inserida na Bacia Hidrográfica Araguaia – Tocantins. Os principais rios são o Sono, Balsas, Novo, Galhão, Prata, Soninho, Vermelho, Ponte Alta, Caracol.




Outra surpresa no caminho de volta, o  Morro Vermelho



O Morro Vermelho, também chamado de Morro do Gorgulho, possui algumas formações rochosas bem diferentes, lembrando várias chaminés. Elas foram esculpidas pela ação do vento e das mudanças climáticas.






Dizem que o pôr do sol visto do Morro Vermelho é maravilhoso..., o que faz sentido, pelas cores, o laranja do sol encontrando com a vermelhidão do morro, deve ser uma espetáculo.


Formações rochosas bem diferentes.  A cor avermelhada das formações e a vista dos campos rende fotos bonitas.




O roteiro que escolhemos de 05 dias e hospedagem em várias cidades,  permitiu percorrer uma região mais extensa, facilitando assim conhecer bem mais do Jalapão.

Confesso que foi um destino que me surpreendeu muito. Muitos falavam que era rústico demais, não foi assim, pelo menos pra gente, claro que é um destino sem muito luxo, mas foi extremamente confortável.
 
Jalapão pode ser bruto, mas é encantador. Um parque de grandes proporções e imenso. Muito lindo e com uma beleza natural exuberante. Sai do Jalapão apaixonada pela sua natureza incomum e seus detalhes.



Que não faltem viagens boas assim! Quem vive sabe! Foi inesquecível!


Vá ver o mundo. Ao vivo, é mais fantástico que qualquer sonho!





Palmas, a capital mais jovem, o umbigo do Brasil (ponto mais central do país)


Palmas,  capital de Tocantins, é aqui que chegamos antes de partir para o Jalapão e é em Palmas que retornamos, depois do Jalapão, ou seja, Palmas é a porta de entrada e saída do Jalapão. 
 
Reservamos um dia  e duas noites para conhecer um pouco da cidade. Ficamos hospedadas próximo a Praça dos Girassóis, com 570.000m² é considerada a segunda maior praça do mundo. 


Palácio Araguaia


A Praça dos Girassóis abriga árvores e plantas de várias espécies do cerrado, prédios públicos, monumentos, o Memorial Coluna Prestes, fontes, jardins e a sede do Governo do Estado.

 
A Constituição de 1988 dividiu o Estado de Goiás criando o Tocantins ao norte. Palmas, a capital, foi totalmente planejada. O trânsito flui sem congestionamento,  pelas avenidas largas e suas rotatórias ajardinadas. Também é considerada uma capital muito segura.


 

Favo de Bolota - árvore símbolo de Tocantins

Outra espécie típica do Cerrado



Memorial Coluna Prestes é um projeto de Oscar Niemeyer para homenagear o revolucionário Luís Carlos Prestes e a sua passagem pelo território tocantinense entre os anos de 1920 e 1930. A obra em concreto é marcada pelas curvas sinuosas, características de Niemeyer. O Memorial exibe documentos e objetos sobre a vida de Prestes. 

 


A rampa de acesso à entrada e a escultura de bronze tem cor vermelha, representando o sangue derramado pela pátria. A forma de foice simboliza o comunismo defendido por Prestes. Para completar a parte externa do Memorial, temos a escultura em bronze do "Cavaleiro da Luz", representando Luiz Carlos Prestes.
A Coluna foi o ponto culminante do movimento tenentista, que tinha como objetivo derrubar as oligarquias que dominavam o País.







O Memorial abriga um acervo de 81 peças originais (muitas doadas pela família Prestes),  que conta a história da Coluna Prestes e seus integrantes, através de fotografias, documentos e objetos pessoais e representam os mais de 25 mil km que ele e o seu grupo percorreram pelo interior do Brasil.


"A guerra no Brasil, qualquer que seja o terreno, é a guerra de movimento. Para nós revolucionários, o movimento é a vitória. A guerra de reserva é o que mais mais convém ao governo que tem fábricas de munição, fábricas de dinheiro e bastantes analfabetos para jogar contra as nossas metralhadoras." (1925 - Luiz Carlos Prestes)

"Luis Carlos Prestes é o mais importante exemplo de coragem, coerência e patriotismo" (Oscar Niemeyer)



Monumento aos Dezoito do Forte de Copacabana
A obra é uma homenagem aos dezessete militares e um civil que se rebelaram em 1922 insatisfeitos com a República Velha, pedindo o fim das oligarquias no poder.
O monumento não está no RJ, mas sim em Palmas, pois serviu de inspiração para a emancipação do Estado de Tocantins.


Próxima ao centro da cidade, a Praia da Graciosa em Palmas,  tem  uma extensa orla que comportam bares e restaurantes, quadras de esporte, marina. Um programa imperdível é assistir o por do sol no lago. A Praia da Graciosa é banhada pelo enorme Lago de Palmas, formado após a construção da Usina Hidrelétrica.

Praia da Graciosa. Daqui partem os barcos até a Ilha da Canela.


Mais distante do centro, a Praia do Prata

Praia do Prata
Praia de água doce, o local para banho é demarcado. Oferece estrutura de bares.





Enquanto isso na Praia da Graciosa...

Moradores da Praia da Graciosa  💓💓  respeitados e alimentados pelos garçons dos restaurantes da orla.

Melhor momento na Praia da Graciosa é o por do sol









Vale a pena comer um tucunaré nos restaurantes da orla.
 
Tucunaré assado


Cozumel, de origem Mexicana. Preparado com gelo, suco de limão, cerveja e sal.


Dobradinha de Cozumel e Caipirinha




Palmas, cidade cravada na exuberante paisagem do Cerrado, no coração do Brasil. 
Mais uma capital que conheci em  minhas viagens. 


Jalapão: é uma experiência imperdível para quem realmente quer conhecer o Brasil e toda a sua diversidade geográfica. Um dos lugares mais extraordinários que já estive. 

PORÉM NÃO PODEMOS FECHAR OS OLHOS PARA O QUE ESTÁ ACONTECENDO... AOS PODEROSOS DE TOCANTINS: RECICLEM SUAS IDEIAS E PAREM DE ASSASSINAR O CERRADO. CHEGA DE QUEIMADAS E PLANTIO ABSURDO DE EUCALIPTOS. PRESERVEM O JALAPÃO, SUA FAUNA E FLORA, PARA QUE NOSSA GERAÇÃO E AS FUTURAS POSSAM CONHECER TAMANHA BELEZA!





 

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