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domingo, 6 de novembro de 2016

Mariana, Tiradentes, São João Del Rei e Bichinho - "um monte de trem"

Mariana... a primeira capital de Minas Gerais


Igrejas gêmeas

Fomos conhecer Mariana de trem, um bate-volta.
Mariana foi a primeira capital mineira. Ela nasceu em 1696, devido a exploração do ouro e elevada a cidade em 1745. Hoje chamam a cidade de irmã de Ouro Preto.
O nome Mariana foi uma homenagem à rainha Maria Ana D’Austria, esposa do rei D. João V.

Bancos de madeira

 Na estação de Trem em Ouro Preto, locomotivas antigas, fazem parte do Projeto de Recuperação da Vale.







Uma dica, se visitar Mariana de trem nos meses de alta temporada, é melhor comprar as passagens com antecedência, o trem só funciona nos fins de semana ou feriados. Fora de temporada há disponibilidade de ingressos na hora, sem problemas.

O trem passa por quatro túneis e o percurso é muito bonito, com duração de uma hora.

 




Vista do trem a cidade de Mariana

Estação de Trem de Mariana
Antes de sair de Ouro Preto, contratamos um guia. Tínhamos poucas horas para conhecer a cidade, o trem chegou às 11h e o retorno a Ouro Preto às 16h. 

Primeiro ponto foi a Basílica São Pedro dos Clérigos


No alto a Basílica São Pedro



É uma obra de talha em madeira de qualidade superior, e abriga uma estátua de São Pedro

Basílica de São Pedro dos Clérigos



 
O teto lembra um casco de tartaruga e o fundo se parece com um navio

Vista da Basílica para a cidade

Praça Gomes Freire. Praça simpática com coreto.
   
No restaurante Rancho, comida típica mineira.
Igrejas gêmeas

O grande cartão-postal de Mariana sem dúvida é a Praça Minas Gerais. As igrejas gêmeas, Igreja Nossa Senhora do Carmo e São Francisco de Assis, são belos retratos da história colonial, consideradas uma das Sete Maravilhas da Estrada Real.  Foram financiadas por famílias diferentes que brigavam para ver quem tinha mais prestígio.


Igreja Nossa Senhora do Carmo

 A Igreja São Francisco de Assis estava fechada para reforma e restauração.


Na praça ficam também o Pelourinho e a Casa de Câmara e Cadeia, que hoje abriga a Câmara Municipal de Mariana.
Casa de Câmara e Cadeia


Pelourinho, onde os escravos eram chicoteados. O original foi destruído em 1871. O atual construído em 1970.



Em Mariana nasceram personagens importantes da cultura brasileira: o pintor sacro Mestre Ataíde, o poeta e inconfidente Cláudio Manuel da Costa e os poetas Alphonsus de Guimarães e Frei Santa Rita Durão, autor do poema “Caramuru”.


Arte Popular em Mariana

Na Casa da Câmara, artesão talhando na madeira anjos barroco


Atelier em Mariana


 






Último passeio em Mariana, conhecemos a Mina da Passagem, considerada a maior Mina de Ouro aberta a  visitação do mundo. A descida para as galerias subterrâneas se faz de modo incomum, através de um trolley, que chega a 315m de extensão e 120m de profundidade. O cenário do interior da mina impressiona a todos. Desde a sua fundação no início do século XVIII, foram retiradas aproximadamente 35 toneladas de ouro.

Descida  de trolley para as galerias subterrâneas

Esse é o mesmo trenzinho que os trabalhadores usavam para se locomover dentro da mina, tem mais de 100 anos, segundo a guia local.

A Mina da Passagem tem esse nome por estar no caminho entre Mariana e Ouro Preto.

É impressionante saber que debaixo dos morros de Mariana tanto ouro foi extraído... e muito pouco ficou no Brasil.
Galerias


 A temperatura é muito agradável, não passa de 20ºC.


Lago Natural com 8m de profundidade


 Lago natural, formado por causa das perfurações no lençol freático – parece um espelho.


Uma guia acompanha os visitantes durante todo o trajeto e dá informações sobre o processo de mineração da Mina da Passagem. Desde o século 18, por exemplo, foram retiradas quase 35 toneladas de ouro só desta mina. Hoje, a exploração não compensa mais — já que são somente quatro gramas de ouro por tonelada de pedra.

Nos trilhos do trolley

Final da tarde, retornando a Ouro Preto


Em outro roteiro, montado por hóspedes do hotel e por Cláudio (recepcionista e guia da pousada), visitamos novamente Mariana, dessa vez de carro. O convite partiu dos hóspedes, fomos com dois carros,  uma viagem muito divertida.

Primeiro fomos a Cachoeira do Brumado, é distrito de Mariana,  conhecer a tradição da produção de panelas e outros utensílios em pedra sabão.

O "jeitin" mineiro de fazer panelas

Como dizem o mineiros, "pertim" dalí, no quintal da pequena fábrica artesanal, uma cachoeira. Cachoeira que deu o nome ao lugar.

 
Frases para conscientizar


Depois, vambora pegar a estrada para Mariana.
















Ladeiras e casas de Mariana






Do lado da Mina da Passagem, conhecemos um museu com um acervo pequeno, de peças e fotos do Ciclo de Ouro em Mariana.


Na foto, muitas barras de ouro

Mineradores

Balança para pesar o ouro
 Vista do alto a cidade de  Mariana


Segundo o guia Cláudio, o rompimento de rejeitos  da Barragem de Fundão, da mineradora Samarco, localizada no distrito de Bento Rodrigues, a 35km do centro de Mariana, só não atingiu o município devido o morro ao entorno da cidade (ver foto). Faz um ano que ocorreu o maior desastre socioambiental da história. 

Não dá para ir a Mariana sem falar dessa catástrofe, do pesadelo vivido pela população e do descaso dos responsáveis. Os danos ambiental, econômico e social nunca serão reparados, muito menos compensados.







É uma pena encerrar a parte da pág de Mariana com esse assunto tão atual e triste da história. Nos dias de hoje é inaceitável esse tipo de desastre, principalmente vindo de mineradoras tão poderosas que poderiam, sim, ter evitado essa tragédia.


 São João Del Rei... a cidade onde os sinos falam
Locamos um carro em Ouro Preto e pegamos a estrada, por dois dias. 
Fomos direto a São João Del Rei e depois Tiradentes, onde planejamos ficar mais tempo. 
Escolhemos o caminho novo da Estrada Real.

Rodovia que leva a São João Del Rei



Caminho novo da Estrada Real


Parada para almoço, restaurante com fogão a lenha, muito comum em Minas Gerais

Chegando em São João Del Rei
  São João Del Rei tem mais 30 sinos só no centro histórico. O toque do sino foi tombado pelo Patrimônio Imaterial do Brasil. As badaladas trazem uma linguagem única, entendida pelos moradores.
No centro histórico, a Igreja Nossa Senhora do Carmo, de 1732.

Arquitetura belíssima. O interior impressiona, com fundo predominantemente branco, que destaca os detalhes dourados. Igreja mais "clean".




Porta corta vento. Na época tinha a finalidade de evitar que as velas apagassem





Catedral de Nossa Senhora do Pilar


Casario



Museu da Arte Sacra



Igreja Nossa Senhora do Rosário iniciada em 1719

Novo endereço do passarinho: Igreja Nossa Srª do Rosário...



 
Memorial Presidente Tancredo Neves
São João Del Rei foi a cidade onde nasceu e morou Tancredo Neves e também guarda seu túmulo. O casarão onde funciona o Memorial em seu nome conta com fotos e documentos que envolvem o ex-presidente.

Eu com Tancredo Neves...

Túmulo de Tancredo e Risoleta Neves, atrás da Igreja São Francisco de Assis.


Terra minha amada, tu terás os meus ossos o que será a última identificação do meu ser com este rincão abençoado. Tancredo Neves.

 Solar dos Neves, o casarão onde Tancredo morou até o ano de sua morte

Solar dos Neves





Ponte estilo romano. Há várias, iguais a essa, em São João Del Rei

Passamos de carro por uma delas, super estreita para nossa época. Sorte que o carro que locamos sempre encolheu nessas vias...


  Igreja São Francisco de Assis de 1774.

  O toque do sino dessa igreja é considerado um dos mais bonitos de Minas Gerais.


 Fachada da Igreja foi projetada por Aleijadinho

 Interior da igreja São Francisco de Assis, riqueza nos detalhes.




Porta corta-vento

Teto faz lembrar o fundo de um navio.

Curiosidade: coluna torta ou ilusão de ótica? Vista do outro lado é reta... (foto abaixo)

Desse lado a coluna está reta


É muito comum nas igrejas de Minas Gerais as pinturas,  arquiteturas e esculturas provocarem essa ilusão de ótica.



Sinistro: na época colonial os mortos eram velados em cima dessa mesa super alta...

Lateral da Igreja São Francisco de Assis

 
Teatro Municipal

Um dia em São João Del Rei é o suficiente para conhecer o centro histórico. A cidade é grande, dividida entre o centro moderno e uma pequena parte o centro histórico. Mais uma cidade que foi explorada na época do ouro, quando era colônia de Portugal e hoje vive do turismo e comércio.


 Tiradentes... atraente e acolhedora

Chegamos no final da tarde em Tiradentes e na praça pedimos informações da localização da nossa pousada. Um charreteiro estava indo na mesma direção e nos guiou.















Tiradente, fundada em 1702...

Tiradentes a noite

Largo das Forras
Largo das Forras é considerado um espaço de memória. Nesse local os escravos recebiam sua carta de alforria, em tempos de fim de escravidão.


Largo das Forras e a imponente Serra São José, com 1.260m de altura
Lá vou eu... "pernas para que te quero"


Nas cidades históricas é comum encontrarmos Passos, ou Passinhos, que são capelinhas, construídas a partir do ano 1719. Cada um deles retrata um “passo” diferente da paixão de Cristo. Só abrem na Semana Santa.





O nome da cidade, deve-se ao líder da Inconfidência Mineira.


Tiradentes, bem diferente do Monumento de Ouro Preto. Mais próximo da imagem original.


A Igreja São João Evangelista, fica no Largo do Sol, próximo à estátua de Tiradentes. É datada de 1760. Segundo contam na cidade, os inconfidentes se reuniam na casa paroquial, onde hoje é o Museu Padre Toledo, interligado à igreja por um túnel.

Igreja São João Evangelista








A Igreja Matriz de Santo Antônio impressiona pela quantidade de ouro: 482 quilos. São seis altares das laterais, sendo os três mais velhos do ano de 1730. O piso em placas de madeira, chamadas campas,  é original. Antigamente os ricos eram enterrados embaixo da igreja, sob a campa que havia comprado. Somente depois é que foram construídos cemitérios junto às capelas.
Igreja Matriz de Santo Antônio
Campas, onde os ricos eram enterrados, dentro da igreja.


Igreja Matriz Santo Antônio vista da morro da Igreja São Francisco de Paula


Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos: data provável da construção em 1708. As imagens da igreja são de santos negros.

Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos


  A Igrejinha de São Francisco de Paula mais parece uma Capela...  Fica no alto de uma colina e oferece uma belíssima vista para a Serra de São José e de parte da cidade.
Igreja São Francisco de Paula

A Igreja Nossa Senhora das Mercês, estava fechada quando fomos. Dizem que o interior é lindo, com muito dourado e teto da nave com pinturas de Nossa Senhora das Mercês. Foi construída entre 1793 e 1824.


Igreja Nossa Senhora das Mercês

A capela Bom Jesus da Pobreza está localizada no Largo das Foras. Presume-se que a capela tenha sido construída em 1771.
Capela Bom Jesus da Pobreza


O Chafariz de São José de Botas, de 1749,  se destaca por ter similaridade com uma fachada de igreja. A água abastecia os habitantes e os animais da cidade, além de ser utilizada para lavagem de roupas


Chafariz de São José


Casa de pedra atrás do Chafariz São José

















Tiradentes faz parte do roteiro da Estrada Real com a cara e a tranquilidade das cidades do interior. Ruas de pedras, casarões coloridos e paredes cheias de histórias das Minas Gerais, o charme que toma conta da vila colonial.


No fundo a Serra São José, uma muralha de pura energia.

A foto fica mais bonita com a rua vazia, sem carros.

Calçada da época colonial


Muro da época Brasil Colônia. Feito para durar a vida inteira.

Calçamento pé-de-moleque e no fundo a Serra São José, que parece abraçar a cidade...

"Vai diminuindo a cidade
Vai aumentando a simpatia
Quanto menor a casinha
Mais sincero o bom dia
Mais mole a cama em que durmo
Mais duro o chão que eu piso
Tem água limpa na pia
Tem dente a mais no sorriso
Café tá quente no fogo
Barriga não tá vazia
Quanto mais simplicidade
Melhor o nascer do dia..."


Casario preservado
Seu Chico Doceiro produz desde 1965 diversos doces caseiros como cocadinha, doce de banana e até o tradicional brigadeiro. O dia que o conhecemos, não estava fazendo doces no tacho de cobre, porque era feriado. É uma referência na cidade.


Chico Doceiro é um personagem verídico de Tiradentes

Flor de Lótus, a mais completa loja de doces de Tiradentes.

Além dos doces, tem cachaças, licores, queijos e pimentas



Paraíso dos doces

Foi uma FELIZ opção visitar Tiradentes. Um misto de admiração e encantamento, foi o que senti enquanto caminhava em suas ruas e descobria seus encantos em cada igreja, casas, ruelas, passos, docerias e até a vista da muralha (Serra São José) que circunda a cidade.  É a história do Brasil ao nosso alcance. A cidade é linda e encantadora.


Você já foi a BICHINHO?

Essa pergunta ouvíamos muito em Tiradentes, então por indicação, fomos lá.  Bichinho é um distrito de Prados que fica  a 6 km de Tiradentes.



Oficialmente o distrito se chama Vitoriano Veloso, em homenagem a um Inconfidente. Porém as placas indicam Bichinho. E a origem do carinhoso apelido é curiosa: num passado distante, o caminho de Tiradentes pra lá era difícil e todo mundo que caía na aventura acabava com bicho-de-pé.


Em suas ruas, tem muitas lojinhas de artesanato e até uma casa torta. A rua principal parece não ter fim...








Um estranho no ninho...kkkk


É o lugar ideal para garimpar peças diferentes de artesanato. 




Casas de pau a pique são comuns em Bichinho


















Igreja Nossa Senhora da Penha



Retornando a Ouro Preto, pegamos o trajeto mais curto, pela Estrada Real, no Caminho Velho, ou seja, estrada de chão. Foi diferente e até divertido passar por essa estrada.

Marco da Estrada Real, um sinal para quem percorre esse Caminho Velho.


Um antigo carro de bois com roda de madeira. São as surpresas de Minas..


Chegando em Prados



Na volta, seguindo outra indicação, fomos provar o rocambole de Lagoa Dourada...  lá se fabricam os melhores rocamboles do Brasil. Realmente, o de lá é divino!





Vagões com minérios, muito comum nessa região
O que não é comum: uma serra sendo dizimada, na extração de minérios

A extração é intensa, e as serras e morros ficam devastados... são recursos naturais não renováveis e as empresas abandonam esses morros totalmente desfigurados, com linhas que nada lembram as características originais.
Em nome do dinheiro: devastação sem recuperação e os resultados dos impactos ambientais são alarmantes...


A beleza das serras que ainda não foram exploradas...





Chegando em Ouro Preto...



O tempo em Minas ajudou bastante os dias que passamos por lá. Tivemos tempo firme, dias de sol, até nublado, porém não choveu, clima agradável e muita sorte, o que favoreceu cada dia de passeio, viagens e caminhadas.


E agora, aquela musiquinha rimada que faz todo sentido para quem conhece Minas Gerais:   

“Oh, Minas Gerais... Quem te conhece não esquece jamais. Oh, Minas Gerais.” 

E... quer conhecer um mineiro? Então leia o poema...


"Uai... E num é que esse trem ficou bondimais"

Para ver  Ouro Preto acesse:

http://rosmarischelle.blogspot.com.br/2016/11/ouro-preto-eta-trem-bao-demais-so.html

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